A ausência europeia
15-05-2018 - 06:19

A UE não conta nos conflitos crescentes do Médio Oriente. Pelo contrário, a Rússia tenta substituir os EUA.

Há um século, terminada a I Guerra Mundial e derrotado o império otomano, grande parte do Médio Oriente ficou sob tutela do Reino Unido e da França. Aliás, ainda antes de terminada a guerra, em 1917, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Balfour, prometia o apoio britânico a um futuro Estado judaico na Palestina.

Nos anos seguintes à guerra, Reino Unido e França traçaram as fronteiras e escolheram os governos de países nascentes, como o Iraque e a Arábia Saudita. A Pérsia, hoje Irão, é, pelo contrário, uma nação muito antiga.

Hoje, a Europa conta muito pouco na política do Médio Oriente, embora sejam substanciais os dinheiros da UE canalizados para ajuda humanitária na região. Com os EUA a deixarem de ser um mediador no conflito israelo-palestiniano (uma vez que tomaram o partido de Israel), bem como no conflito entre o Irão e a Arábia Saudita (estão contra o primeiro e apoiam a segunda), são nulas as possibilidades de europeus substituírem os americanos. A Rússia e, em menor grau, a Turquia, tentam assumir esse papel.

A Europa não conta neste tabuleiro internacional porque não tem política externa. E não a tem porque não possui força militar, tendo vivido décadas à sombra da proteção americana. Mas, agora, é Merkel quem avisa que a UE já não pode contar com os EUA de Trump, sendo necessário aumentar as despesas na área da sua própria defesa. Só que não basta falar – é mesmo preciso investir nessa área. Coisa que a Alemanha tem que começar a fazer.