Irrita-se quando ouve alguém mastigar? Pode ser misofónico
24-11-2017 - 09:20
 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)

Misofonia é uma hipersensibilidade auditiva para sons que outras pessoas acham perfeitamente normais. Investigadores da Universidade de Newcastle desmontam a tese segundo a qual a misofonia é sinónimo de loucura.

Se toda a mastigação o leva a uma irritabilidade quase incontrolável, é bem possível que sofra de misofonia. É o termo técnico para a intolerância a sons que a generalidade das pessoas considera perfeitamente banais.

Um grupo de investigadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, diz ter encontrado a explicação e sugerem que os sons de gente a comer ou a beber desencadeiam uma reacção exacerbada no córtex insular anterior, que é a zona do cérebro que processa as emoções.

Mas há uma tese, eventualmente mais rebuscada, que diz que, no caso de um misofónico, este córtex insular anterior está ligado de maneira diferente com a amígdala e com o hipocampo, que são as áreas que se activam na memória de experiências passadas. Más experiências, bem entendido.

A pesquisa envolveu 200 pessoas com misofonia. E a percepção dos primeiros sintomas do distúrbio nesta pequena amostra aconteceu em média aos 12 anos de idade.

Para uma pesquisa mais apertada, os neurocientistas da Universidade de Newcastle mediram a actividade cerebral de 42 voluntários. Misofónicos e não misofónicos.

Foi-lhes sugerida a audição de uma vasta gama de ruídos. Dos neutros - como o som da chuva a cair - aos indesejados, como o choro de uma criança e lá para o meio os insuportáveis... gente a mastigar, a beber e a respirar.

Quando expostos a estes ruídos, os sofredores de misofonia apresentaram uma actividade cerebral que desencadeou reacções de irritação e ansiedade.

Não existe um número propriamente exacto de misofónicos, porque o diagnóstico do problema é ainda recente.

Mas o que este estudo da Universidade de Newcastle pretende demonstrar é que as alterações da actividade do cérebro devem constituir uma oportunidade para os mais cépticos, até os da comunidade científica, de que este é, efectivamente, um problema.

E que deve ser tratado como tal.