Sínodo dos Bispos é mais do que uma “convenção eclesial”
10-10-2021 - 10:47
 • Ângela Roque

O Papa Francisco, que presidiu à missa que inaugura oficialmente o processo sinodal, pediu que a iniciativa conserve a “dimensão espiritual”, e que todos sejam escutados.

O Sínodo dos Bispos não pode ser apenas uma “reflexão teórica” e deve conservar a sua “dimensão espiritual”, afirmou este domingo o Papa durante a homília da missa, que abriu oficialmente o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade.

“Nós, que iniciamos este caminho, somos chamados a tornar-nos peritos na arte do encontro; peritos, não na organização de eventos ou na proposta duma reflexão teórica sobre os problemas, mas antes de mais de arranjar tempo para encontrar o Senhor, para dar espaço à oração e adoração”, disse o Papa, para quem a Igreja precisa de um processo “de cura”, e só valorizando a dimensão espiritual se evitará que o Sínodo seja apenas uma iniciativa formal.

“A Palavra abre-se ao discernimento e ilumina-o, e isso deve orientar o Sínodo, para que não seja uma convenção eclesial, um congresso de estudos ou um congresso político, para que não seja um Parlamento, mas um evento de graça, um processo de cura conduzido pelo Espírito Santo”, sublinhou ainda.

Francisco apontou prioridades para processo sinodal que agora se inicia: falou dos três verbos que vão marcar este Sínodo - “encontrar”, “escutar” e “discernir” -, e pediu que haja disponibilidade para o encontro e para a escuta de todos, porque o Sínodo implica “caminhar pela mesma estrada, em conjunto”.

“Ao abrir este percurso sinodal, comecemos todos (Papa, bispos, sacerdotes, religiosas e religiosos, irmãs e irmãos leigos) por nos interrogar: nós, comunidade cristã, encarnamos o estilo de Deus, que caminha na história e partilha as vicissitudes da humanidade?”, perguntou o Papa, acrescentando: “permitimos que as pessoas se expressem, caminhem na fé – mesmo se têm percursos de vida difíceis -, contribuam para a vida da comunidade sem serem estorvadas, rejeitadas ou julgadas?”.

Francisco admitiu que aprender a escuta recíproca, entre bispos, padres, religiosos e leigos é “um exercício lento, talvez cansativo”, mas disse que é necessário evitar “respostas artificiais e superficiais”.

A eucaristia deste domingo, e o encontro de reflexão que decorreu sábado, também no Vaticano, marcam o arranque da 16.ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, com o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.

O percurso sinodal prossegue a partir do próximo domingo, 17 de outubro, em cada uma das dioceses católicas do mundo.