Trump pede a Erdogan para "acabar com a invasão", vice Mike Pence viaja até Istambul
15-10-2019 - 00:16
 • Renascença com Lusa

Entretanto, no Congresso norte-americano, todos parecem de acordo: a retirada dos EUA da Síria (estavam no país desde 2015) foi precipitada. Republicanos falam em “resultado catastrófico”; Nancy Pelosi, a líder da Câmara dos Representantes prepara legislação para “anular” a decisão.

O Presidente norte-americano anunciou segunda-feira sanções contra a Turquia, para restringir os ataques turcos aos combatentes curdos e civis na Síria, que começaram depois de Donald Trump anunciar a retirada dos militares dos EUA do norte do país.

O vice-presidente norte-americano, Mike Pence, anunciou que Trump pediu ao Presidente turco, Recep Erdogan, que “acabe com a invasão” e que ele próprio se iria deslocar à Turquia para discutir o assunto.

Também segunda-feira, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, avançou que três ministros turcos foram objeto de sanções, já assinadas por Trump. Antes, o republicano Donald Trump já tinha anunciado a suspensão das negociações comerciais com a Turquia e o aumento das tarifas alfandegárias sobre o aço turco.

No Congresso, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, anunciou que está a preparar com um dos principais senadores republicanos, Lindsey Graham, legislação para “anular” a decisão de Trump da retirada militar da Síria. E o próprio líder republicano no Senado, Mitch McConnell, disse que a retirada militar dos EUA da Síria ameaçava ser uma “calamidade estratégica” e originar um “resultado catastrófico” para os interesses norte-americanos na região.

Entretanto, os EUA têm sido muito criticados, tanto pela retirada atabalhoada, como pelas consequências nas relações com aliados, como ainda pela ressurgência do Estado Islâmico que a sua decisão permite, quando o combate aos milicianos deste grupo foi das razões principais para a ida dos norte-americanos para a Síria.

Na semana passada, os turcos começaram a atacar os curdos sírios, que têm sido um aliado de longa data dos EUA no combate àquele grupo, também designado Daesh (acrónimo árabe do grupo extremista Estado Islâmico). Na segunda-feira, tropas do Governo sírio dirigiram-se para a região fronteiriça, criando as condições para um potencial confronto com as forças turcas.

As milícias curdas anunciaram um acordo com o Presidente sírio, Bashar Assad, para os ajudar a enfrentar a invasão turca.

As tropas dos EUA consolidaram as suas posições no norte da Síria, durante o dia, e estão a preparar a retirada de material antes de saírem totalmente da região, anunciou um dirigente do setor da Defesa.

As apressadas preparações seguem-se à decisão tomada por Trump no sábado de expandir uma retirada parcial em uma retirada total. A decisão de Trump coloca muitas questões, como se e como é que os EUA vão continuar a pressionar militarmente o Daesh na Síria sem tropas no terreno.

Os militares dos EUA têm estado no país desde 2015, a apoiar com armas e conselhos grupos de combatentes sírios liderados pelos curdos, que eliminaram o controlo do território sírio pelo Daesh, mas que continuavam a trabalhar para impedir a sua ressurgência.

Segunda-feira, numa série de mensagens divulgadas na rede social Twitter, Trump defendeu a sua decisão e fez ataques sarcásticos aos críticos que consideram a retirada militar da Síria uma traição aos curdos e algo do gosto dos dirigentes de Moscovo. “Quem quiser ajudar a Síria na proteção aos curdos, esteja à vontade, seja a Rússia, a China ou Napoleão Bonaparte”, escreveu.