Paulo Portas elogia Freitas do Amaral. “Construiu muitas vezes o CDS debaixo de tiro”
03-10-2019 - 19:40
 • Pedro Mesquita , João Pedro Barros

Antigo ministro dos Governos de Durão Barroso e Passos Coelho elogiou “coragem e serenidade” nos anos quentes após o 25 de Abril.

Paulo Portas, presidente do CDS entre 1998 e 2005 e 2007 e 2016, elogiou o legado do seu antecessor e ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Freitas do Amaral, que morreu esta quinta-feira. O ex-ministro dos Governos de Durão Barroso e Passos Coelho sublinhou o seu papel como fundador dos centristas, cujo “humanismo cristão” continuou a partilhar, mesmo após a sua saída, em 1992.

“Quero salientar o facto de ter tido a coragem, com mais umas dezenas de pessoas, de ter fundado um partido não socialista em Portugal. Construiu muitas vezes o CDS debaixo de tiro, está na memória de todos o cerco ao Palácio de Cristal [em 1975] e a destruição da nossa sede nacional. Foi preciso muita coragem e serenidade”, salientou à Renascença.

Paulo Portas não esconde que houve momentos de “diferenciação” de Freitas do Amaral em relação ao CDS, mas recorda que foi possível a sua participação nas comemorações dos 25 (1999) e 40 anos (2014) do partido.

“Lembro-me do texto que publicou pelos 40 anos, em que dizia que, com todos os percursos e todos os ciclos do partido, mais no centro-direita ou no centro-esquerda, em que se colocava, todos se podiam olhar uns para os outros com respeito e com naturalidade, porque ninguém tinha estado fora daquilo que ele achava que era o perímetro do humanismo cristão”, destacou.

Como líder do CDS, Freitas do Amaral decidiu-se pelo voto contra a Constituição, em 1976, tendo sido o único partido a opor-se à lei fundamental. Portas diz que a história lhe deu “inteira razão”, porque o texto “ainda mantinha um forte poder militar e tinha um modelo de economia socializante”, incompatível com a "futura presença de Portugal na Comunidade Económica Europeia", hoje União Europeia.

Endereçando os pêsames à família, Portas relevou igualmente o papel de Freitas do Amaral como professor universitário, em que se posicionava como “um reformador”.