Bruxelas torna nuclear em energia verde
02-02-2022 - 19:14
 • João Carlos Malta

A decisão foi polémica e mereceu votos contra entre os comissários europeus. Transformação abre campo para projetos multimilionários na área do nuclear.

O nuclear ganhou força em Bruxelas na luta contra as alterações climáticas com a Comissão Europeia a classificar esta energia como verde.

Após meses de hesitação e consultas aos diferentes estados-membro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, conseguiu aprovar esta quarta-feira o projeto de regulamento que classificará a energia nuclear e o gás como energias que podem contribuir para o combate às alterações climáticas e, portanto, merecedora de um selo verde.

O jornal El País diz que este rótulo pode atrair investimentos multimilionários para este tipo de energias.

Von der Leyen assumiu a polémica decisão sabendo que contraria a opinião da maioria dos técnicos consultados e que se expõe às críticas de vários parceiros da UE perante o Tribunal de Justiça Europeu.

O governo espanhol, um dos mais beligerantes contra a proposta, reservou-se o direito de aplicar seus próprios critérios, com padrões mais exigentes do que pretende Bruxelas.

A Comissária para os Mercados Financeiros, Mairead McGuinness, assegurou após a aprovação da medida que “a UE está empenhada em alcançar a neutralidade climática em 2050″.

"Precisamos de todos os instrumentos disponíveis", acrescentou.

A comissária lembrou que para atingir este objetivo são necessários investimentos multimilionários e para isso “é necessário acelerar o investimento privado”.

Este é o instrumento escolhido pela Comissão para indicar aos investidores as atividades que podem ser classificadas como sustentáveis ou que contribuem para a redução de emissões.

A proposta de Von der Leyen saiu vencedora, mas não sem criar fissuras no colégio de comissários.

McGuinness reconheceu que o projeto teve que ser votado, algo relativamente excecional num órgão que geralmente decide por consenso.

E embora a comissário assegure que foi aprovado "por esmagadora maioria", vários comissários não hesitaram em votar contra.

Entre eles, o vice-presidente da Comissão e chefe da diplomacia comunitária, Josep Borrell, conforme confirmado por fontes comunitárias.

A comissária portuguesa, Elisa Ferreira, responsável pelos fundos de coesão, também está entre as vozes dissidentes, um grupo que inclui também o comissário do orçamento, o austríaco Johannes Hahn.