Sobre casamento e divórcio, Jesus não se ficou por legalismos, diz Papa
24-02-2017 - 16:30

A chave para abordar a questão do divórcio e dos segundos casamentos é entender a justiça e a misericórdia como um só, disse Francisco, na homilia da missa desta sexta-feira, na Casa de Santa Marta.

Jesus não se foca nos detalhes jurídicos quando enfrentado com questões sobre o casamento e o adultério, disse esta sexta-feira o Papa Francisco, na homilia da missa diária na capela de Santa Marta, no Vaticano.

Comentando a passagem do Evangelho em que um grupo de fariseus pergunta a Jesus se um homem se pode divorciar da sua mulher, o Papa explicou que “Jesus não responde se é lícito ou não, não entra pela lógica da casuística”.

“Eles pensavam na fé em termos de poder ou não poder, a partir de que ponto é que se pode e até que ponto não se pode”, afirmou Francisco. Mas Jesus, continuou o Papa “diz sempre a verdade e explica as coisas como foram criadas”.

A resposta que se encontra nos Evangelhos é de que um homem que repudia a sua mulher e se casa com outra comete adultério contra a primeira, e que o mesmo se aplica a uma mulher que se divorcia e casa com outro.

O Papa perguntou então como é possível, com base no que tinha acabado de dizer, que Jesus tenha dialogado com uma adúltera, noutra passagem, dizendo-lhe “eu não te condeno, vai e não tornes a pecar”?

“O caminho de Jesus, e vê-se isto claramente, é uma viagem da casuística rumo à verdade e à misericórdia. Jesus põe de lado a casuística e descreve aqueles que o querem testar, os que pensam com a lógica de poder ou não poder, como hipócritas, não nesta passagem, mas noutras”.

O Papa Francisco disse ainda que é sinal de uma mente doente perguntar “o que é mais importante para Deus, justiça ou misericórdia?”. “Não são duas coisas diferentes, mas apenas uma. Para Deus justiça é misericórdia e misericórdia é justiça. O Senhor ajuda-nos a compreender este caminho, que não é fácil, mas que nos fará felizes, fará muita gente feliz”, concluiu Francisco.

A questão do casamento e divórcio tem sido alvo de grandes discussões e algumas polémicas na Igreja Católica, sobretudo desde a publicação da exortação apostólica pós-sinodal "Amoris laetita" pelo Papa em Abril de 2016.