Papa diz aos bispos: “Deixemos para trás preconceitos e estereótipos”
03-10-2018 - 17:18
 • Renascença, com Ecclesia

Na abertura do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens, Francisco renovou o seu apelo a um debate sem medo, com diálogo e abertura à crítica honesta, “ao contrário das bisbilhotices inúteis".

Deixar para trás "preconceitos e estereótipos", "escutar" verdadeiramente e apresentar um novo discurso em relação aos jovens e ao futuro, foram algumas das ideias defendidas pelo Papa Francisco na abertura do Sínodo dos Bispos, esta quarta-feira, no Vaticano.

“Deixemos para trás preconceitos e estereótipos. Um primeiro passo rumo à escuta é libertar as nossas mentes e os nossos corações de preconceitos e estereótipos: quando pensamos já saber quem é o outro e o que quer, então teremos verdadeiramente dificuldade em escutá-lo seriamente”, apelou, na abertura da primeira reunião geral do Sínodo dos Bispos 2018, dedicado às novas gerações.

Francisco sublinhou o trabalho dos últimos dois anos, na preparação para esta assembleia sinodal, e agradeceu a participação dos jovens, convidando-os a acreditar na Igreja Católica.

A assembleia sinodal conta com 267 representantes dos episcopados católicos, além de especialistas e convidados, entre eles 34 jovens, com idades dos 18 aos 29 anos.

“O caminho de preparação para o Sínodo ensinou-nos que o universo juvenil é tão variado que não pode estar aqui totalmente representado, mas vós sois seguramente um sinal importante daquele. A vossa participação enche-nos de alegria e esperança”, disse o Papa.

Debate honesto e não "bisbilhotices inúteis"

O Papa renovou o seu apelo a um debate sinodal sem medo, com diálogo e abertura à crítica honesta, “ao contrário das bisbilhotices inúteis, das murmurações, das ilações ou dos preconceitos”.

O Sínodo deve ser um exercício de diálogo, antes de mais nada entre os que participam nele. E o primeiro fruto deste diálogo é cada um abrir-se à novidade, estar pronto a mudar a sua opinião face àquilo que ouviu dos outros”.

Francisco destacou a necessidade do “discernimento” – rejeitando que esta seja “uma moda deste pontificado” – como sinal de uma Igreja “à escuta e em caminho”, que se deixa interpelar pelos jovens e a sua realidade.

Superar o "flagelo do clericalismo"

O Papa apelou ao diálogo entre gerações e disse que é preciso superar, na Igreja, “o flagelo do clericalismo” e o “vírus da autossuficiência e das conclusões precipitadas de muitos jovens”.

“Repudiar e rejeitar tudo o que foi transmitido ao longo dos séculos leva apenas àquele perigoso extravio que está, infelizmente, a ameaçar a nossa Humanidade; leva ao estado de desilusão que invadiu os corações de gerações inteiras”, advertiu.

Francisco convidou a viver sem medo do futuro, desejando que o Sínodo produza não só um documento – “que geralmente é lido por poucos e criticado por muitos”, lamentou -, mas sobretudo” propósitos pastorais concretos, capazes de realizar a tarefa do próprio Sínodo, que é fazer germinar sonhos, suscitar profecias e visões”.

A 15ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, decorre de hoje a 28 de outubro, por decisão do Papa Francisco.

O encontro conta pela primeira vez com a presença de dois bispos católicos da China, após o acordo provisório entre a Santa Sé e Pequim que visa regularizar a situação da comunidade eclesial no país asiático.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) está representada pelos presidentes das Comissões que acompanham Pastoral Juvenil e Vocações: D. Joaquim Mendes – bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família – e D. António Augusto Azevedo – bispo auxiliar do Porto e presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios.