Foi o partido-surpresa das últimas eleições europeias: o MPT - Movimento Partido da Terra conseguiu eleger dois eurodeputados, em grande parte à boleia do discurso de António Marinho e Pinto, antigo bastonário da ordem dos Advogados. Agora, aaba por ficar sem nenhum, ao retirar a confiança política a José Inácio Faria, que, além de eurodeputado em funções, é ex-líder do partido.
De acordo com o comunicado do MPT enviado à Renascença, a direção do partido “decidiu por unanimidade retirar a confiança política ao filiado José Inácio Faria pelas posições políticas individualistas, nalguns casos até opostas às dos órgãos competentes para as emitir, e sempre à revelia da vontade relevante e democraticamente formada do Partido”.
A decisão, tomada em plenário da comissão política nacional do MPT no sábado, é assinada pelo atual presidente do partido, Luís Vicente, que sucedeu precisamente a José Inácio Faria na liderança do MPT. A sucessão aconteceu em Fevereiro deste ano, no X congresso do MPT. Na ocasião, Luis Vicente que é biólogo, defendeu um MPT mais “cientifico”. Mas o jurista José Inácio Faria dizia rever-se nessa orientação e, na mesma ocasião, foi eleito presidente do Conselho Nacional.
Agora, o ex-presidente e ainda eurodeputado é acusado de ter posições “individualistas” e contrárias à direção, pelo lhe é retirada a confiança política. “A sua atuação parlamentar – na Assembleia Municipal de Lisboa e no Parlamento Europeu – não cumpre a função primordial dos seus mandatos políticos que é a representação do Partido que o elegeu”, lê-se no comunicado.
A lista do MPT ao Parlamento Europeu em 2014 foi liderada por Marinho e Pinto, que depois fundou o Partido Democrático República. O MPT ainda argumentou que, ao fundar um novo partido, o ex-bastonário perdia o mandato de eurodeputado, mas não conseguiu fazer vingar a sua posição. Agora, ao retirar a confiança a José Inácio Faria, fica na prática sem eurodeputados.