“Se não chove, morremos à sede”. Aldeia de Mangualde está sem água
04-10-2017 - 18:00
 • Liliana Carona

A população de Abrunhosa-a-Velha, no concelho de Mangualde, desespera com a falta de água na localidade que tem sido ao longo dos últimos anos foi fustigada pelos incêndios.

Poços secos, falhas de água na rede, são algumas das queixas dos moradores de Abrunhosa-a-Velha, localidade do concelho de Mangualde. Os habitantes desesperam com a falta de água na terra, fustigada pelos incêndios dos últimos anos.

Entre vizinhos não se fala noutra coisa. Júlia, 53, não tem água em casa. “Vêm cá duas e três vezes por dia trazer água, desde o principio de Junho. Não temos água nem para beber”, confessa à Renascença.

Campos secos, pastagens quase inexistentes. Em Abrunhosa-a-Velha, ficou o negrume dos incêndios e, num Outubro quente, escasseia o bem mais importante. Aos, 70 anos, José Santos nunca tinha visto o poço de casa vazio. “Ainda agora fui ao poço, fui ver e estava vazio, seco. Vamos morrer à sede? E a criação? Os animais? Se não chover, estamos mal”, denuncia, ao mesmo tempo que conta valer-se de um “furo” no terreno de casa, de onde vai retirando alguma água.

A povoação de Abrunhosa-a-Velha está a ser abastecida por um camião cisterna, confirma o presidente da Câmara de Mangualde, João Azevedo, que fala na necessidade de o governo adoptar um "plano B".

“Várias aldeias estão a ser abastecidas há já algum tempo porque não têm o abastecimento da barragem de Fagilde. Têm captações próprias que já secaram e estamos a fazer abastecimento através de camiões cisterna”, admite João Azevedo, defendendo uma alternativa: "Tem que haver uma 'opção B'. O governo e as câmaras vão ter que fazer comboios de água, para que possamos recarregar o espaço dos depósitos de água, para que seja depois transferida para as casas."