Vacina da Janssen poderá avançar para todas as idades no sexo masculino
02-06-2021 - 13:30
 • Marta Grosso

A hipótese foi levantada pelo coordenador da “task force” da vacinação, no congresso da Ordem dos Médicos, que decorre em Coimbra.

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A Direção-Geral da Saúde (DGS) poderá autorizar em breve a administração da vacina da Johnson & Johnson (Janssen) a todos os cidadãos do sexo masculino, independentemente da idade.

A informação foi avançada nesta quarta-feira pelo coordenador da “task force” da vacinação contra a Covid-19, durante uma intervenção no congresso promovido pela Ordem dos Médicos, em Coimbra.

“Se as vacinas previstas chegarem a território nacional e a Direção-Geral da Saúde abrir as Janssen para todas as faixas etárias dentro do sexo masculino”, será possível “trazer ao plano muito mais vacinas”, afirmou, referindo-se às metas estabelecidas, nomeadamente de alcançarmos os 70% da população vacinada em agosto.

O vice-almirante já tinha afirmado que administrar esta vacina apenas a pessoas com mais de 50 anos poderia inutilizar mais de dois milhões e meio de vacinas desta marca até setembro. Hoje, a vacina da Janssen só pode ser administrada a menores de 50 anos se a pessoa der autorização.

Mas a DGS estará a preparar-se para alterar a norma, permitindo a administração da vacina a todas as faixas etárias do sexo masculino.

100 mil pessoas vacinadas por dia

“Este mês, vamos ter uma média de 100 mil pessoas a ser vacinadas todos os dias”, adiantou o vice-almirante Gouveia e Melo perante a audiência de médicos em Coimbra.

Mas o processo de vacinação depende de várias variáveis, como, por exemplo, o ritmo a que chegam as vacinas ao país. Daí, a importância das alterações que a DGS possa vir a fazer na norma relativa à vacina da Johnson & Johnson.

Além disso, o processo tem de contar com a capacidade para vacinar as pessoas e um sistema de marcação e agendamento que permita a vacinação “ordeira e sem atropelos”.

Gouveia e Melo conta poder começar a vacinar, a partir do final de agosto, as pessoas com 20 anos.

Enquanto decorre este processo mais rápido, há um outro, mais fino, que pretende ir atrás dos que terão ficado para trás nesta corrida. Por exemplo, as pessoas acamadas e idosos que tenham ficado para trás na primeira fase.

“Este processo é o que define a qualidade. O outro, que é a quantidade e o ritmo, é o principal, porque quando atingirmos os números da imunidade de grupo e o vírus acabe por não encontrar pessoas suscetíveis suficientes, acabará por ir perecendo na comunidade e ajudar toda a comunidade”, defendeu perante aqueles a quem chamou “a tropa de combate” desta guerra.

Libertar a economia

O processo de vacinação tem vários focos e encontra-se agora no que visa libertar a economia.

Primeiro, foi salvar vidas. “As mais fragilizadas e de maior risco. Hoje, a população que teve mais mortes e internamentos já está vacinada” – aquela com 55 ou mais anos.

“Outro objetivo era salvar a tropa que vai combater: todos os médicos, enfermeiros, farmacêuticos que precisávamos que estivessem na linha da frente”, apontou o vice-almirante.

“Bem-hajam todos que puderam contribuir para salvar muitos portugueses. Se havia algumas dúvidas sobre determinadas coisas, vão desaparecer rapidamente”, acrescentou.

Neste momento, encontramo-nos na fase de “libertar a nossa população desse vírus, libertar a economia. Vacinar toda a população o mais rapidamente possível” é o que se pretende, com vista a atingir a libertação.

“Não somos uma ilha”

Na sua intervenção, Gouveia e Melo quis também partilhar com “a tropa de combate” aquilo que tinha aprendido até agora com a missão que lhe foi confiada.

“Temos de ter a humildade de ir aprendendo com o processo”, sendo certo que este é um “processo que tem problemas. Mas estamos a conseguir vencer e vacinar”.

Gouveia e Melo criticou os egoísmos nacionais e alertou que, se os países mais pobres não forem vacinados, são os ricos que poderão sofrer as consequências, com estirpes muito mais fortes e difíceis de vencer.

“Enquanto houver um sítio no mundo onde o processo não esteja completo”, esse local “será incubadora de vírus mais violentos que nos poderão vir atacar”, sublinhou.

Por último, o responsável pela “task force” destacou que “nenhum ser humano se vai salvar sozinho”.

“No fim de tudo, nenhum ser humano vive isolado, somos uma comunidade e só assim conseguimos reagir, quer com investigação científica a criar vacinas, quer a vacinar-nos todos, quer a ajudar-nos todos”, defendeu.