O primeiro-ministro assumiu esta sexta-feira que teve uma divergência com o Presidente da República quanto ao caso Galamba, mas classificou-a como "rara" em sete anos de governação, dizendo que é "natural" que aconteça.
"Eu e o Presidente temos uma divergência", começou por declara António Costa aos jornalistas, depois de ontem Marcelo ter deixado um aviso ao Governo numa declaração ao país, na qual anunciou que optou por não demitir o executivo nem dissolver o Parlamento para manter a estabilidade no país.
As declarações foram proferidas no final da cerimónia de entrega do Prémio Camões 2021 à escritora moçambicana Paulina Chiziane.
Sobre a declaração do Presidente, na qual Marcelo prometeu estar "muito mais atento" à governação no futuro, Costa disse que o chefe de Estado confirmou "o que já sabíamos: temos uma divergência quanto à responsabilidade de um conjunto de eventos deploráveis", envolvendo o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e um seu ex-adjunto, Frederico Pinheiro.
Apesar de o reconhecer, o primeiro-ministro ressalta que esta "divergência rara" foi uma "exceção" em sete anos e dois meses de relacionamento político entre ambos e que é "natural" que surjam divergências. "Não se justifica dramatizarmos."
Sobre a futura convivência entre os dois órgãos de soberania, chefe do Governo e chefe de Estado, Costa disse haver "total convergência".
Na sua declaração ao país, Marcelo disse ontem que, se a decisão fosse sua, teria exonerado Galamba na sequência dos "episódios deploráveis" que vieram a público sobre um computador do Estado que Frederico Pinheiro terá tentado levar para casa após ter sido despedido, alegadamente contendo informações confidenciais sobre a restruturação da TAP.
O episódio levou a uma muito criticada intervenção do Sistema de Informações do Estado (SIS), com a oposição e vários analistas a criticarem este ponto. Num comunicado emitido ontem, o conselho de fiscalização do SIRP declarou que "não houve atuação ilegal por parte do SIS".
[atualizado às 17h40]