Moscovo agradece oferta do Vaticano, mas diz que “a posição de Kiev impede” negociações
28-11-2022 - 11:49
 • Olímpia Mairos , com Reuters

Francisco reiterou, em entrevista recente, que a Santa Sé está pronta para mediar e pôr um fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

O Kremlin agradece a oferta do Vaticano de se disponibilizar como uma plataforma para as negociações com vista à resolução do conflito na Ucrânia, mas diz que a posição de Kiev tornou-as impossíveis.

“Claro que agradecemos esta vontade política, mas face à situação de temos do lado ucraniano, neste momento, estas plataformas não podem ser solicitadas”, disse o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov aos jornalistas.

O Papa Francisco reiterou há dez dias que o Vaticano estava pronto para fazer tudo o que fosse possível para mediar e pôr um fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, numa entrevista ao diário italiano La Stampa.

Nesta entrevista, Francisco disse, uma vez mais, que “a Santa Sé está pronta para fazer todo o possível para mediar e pôr um fim ao conflito na Ucrânia”, realçando acalentar a esperança de uma reconciliação entre Moscovo e Kiev.

“Sim, eu tenho esperança. Não nos resignemos, a paz é possível”, disse o Santo Padre, advertindo que “todos devem trabalhar para desmilitarizar os corações, a começar pelos seus próprios corações, e depois desarmar a violência”.

“Todos nós devemos ser pacifistas. Querendo a paz, não apenas uma trégua que pode servir apenas para rearmar-se. A verdadeira paz, que é fruto do diálogo, não se consegue com armas, porque elas não derrotam o ódio e a sede de domínio, que reaparecerão, talvez de outras formas, mas reaparecerão", advertiu.

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há mais de nove meses, vários países, incluindo a Turquia, Israel e China, têm sido apontados como potenciais mediadores no conflito.

A Rússia acusou a Ucrânia de encerrar a perspetiva de negociações ao descartar o envolvimento com o presidente Vladimir Putin. Já Kiev rejeita a ideia de ceder qualquer território tomado por Moscovo.

O Papa fala frequentemente da Ucrânia nas suas intervenções e, por diversas vezes, tem alertado que a crise corre o risco de desencadear o uso de armas nucleares com consequências globais incontroláveis.