​“Turismo reduzido a zero”. Algarve prepara-se para “quebra nunca vista”, desemprego e falências
09-04-2020 - 21:11
 • Gastão Costa Nunes , com redação

Os hoteleiros algarvios consideram que os apoios anunciados até agora não chegam. “O Governo precisa de ser mais ousado, audaz e determinado à grandeza da crise”, afirma Elidérico Viegas.

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O turismo no Algarve está “reduzido a zero” devido à pandemia de Covid-19, diz à Renascença o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas. A região prepara-se para uma “quebra nunca vista” de receitas, desemprego e falências.

“Em matéria de ocupação estamos a zero. Há uns hotéis que estão a receber profissionais de saúde, da proteção civil, etc… Mas são muito poucos, um ou dois hotéis. Os aeroportos estão fechados, os cidadãos nacionais estão confinados às suas residências. O turismo ficou reduzido a zero. Não há turismo”, constata Elidérico Viegas.

Os hotéis algarvios classificados oficialmente faturam cerca de 1.200 milhões de euros por ano. A férias de Páscoa ficaram arruinadas pelo estado de emergência e o verão não deverá ser melhor.

“Se considerarmos que a grande parte dessa verba realiza-se nos meses de verão, podemos estar a falar de uma quebra nunca vista. Nunca poderia passar pela cabeça de ninguém que pudéssemos ter a atividade completamente parada”, lamenta o presidente da AHETA.

Elidérico Viegas sublinha que, além da faturação direta dos hotéis, é preciso “contar com o efeito multiplicador que os turistas têm na economia, em geral, e noutras atividades como a restauração, o comércio, aluguer de automóveis”.

“Estamos a falar de montantes muito significativos de prejuízos, não só para a região, mas como para a economia do país”, sublinha.

Os hoteleiros algarvios consideram que os apoios anunciados até agora pelo Governo, para fazer face à crise, não chegam. “Na nossa perspetiva os apoios são insuficientes. O Governo precisa de ser mais ousado, audaz e determinado à grandeza da crise.”

Elidérico Viegas defende que são precisas medidas para “evitar mais desemprego do que aqueles que vamos ter em consequência da crise” e não têm dúvidas de que haverá estabelecimentos de menor dimensão que já não deverão reabrir depois da pandemia de Covid-19 e da crise económica que o FMI já rotulou da mais graves desde a Grande Depressão, dos anos 30 do século passado.

A GNR está desde as 00h00 desta quinta-feira a controlar todas as entradas e saídas do Algarve, e outros acessos, no âmbito das restrições especiais para a Páscoa.

Numa época em que tradicionalmente muitos portugueses aproveitam para viajar, a PSP está nas entradas e saídas das cidades também faz o controlo das viaturas.