Temos o dever de acolher quem foge da guerra, diz Papa Francisco
26-10-2016 - 12:15

O Papa lamenta que levantar muros faça mais barulho do que a acção silenciosa dos que ajudam e prestam assistência aos emigrantes e refugiados. “Mas fechar-se não é solução”.

O Papa Francisco lembrou, esta quarta-feira, que as obras de misericórdia corporais incluem a obrigação de “acolher o estrangeiro” e “vestir os nus”, numa abordagem à questão do acolhimento aos refugiados de zonas de guerra.

“As obras de misericórdia corporais são um meio para manter viva e dinâmica a nossa fé. Estas permitem-nos encontrar o Senhor que se faz presente em cada pessoa necessitada como, por exemplo, ‘o estrangeiro’ e ‘quem está nu’. De facto, ao longo dos séculos, foram muitas as expressões de solidariedade para com os imigrantes. Este não é um fenómeno recente, pois a história da humanidade é uma história de migração – até mesmo Jesus teve que emigrar com a sua família para o Egipto durante a perseguição de Herodes", declarou o papa, durante a habitual audiência geral das quartas-feiras.

“Mas, num mundo onde a crise económica, conflitos armados e mudanças climáticas obrigam muitas pessoas a abandonar a sua pátria, acolher o estrangeiro apresenta-se como uma obra de misericórdia muito actual”, prosseguiu Francisco, lembrando que “estas situações estão, por vezes, ligadas a graves crises sociais que, ao longo dos séculos se confrontaram com dois tipos de atitudes: fechar-se ao que chega, ou acolhê-lo”.

“Pode acontecer que levantar muros faça mais barulho do que a acção silenciosa dos que ajudam e prestam assistência aos emigrantes e refugiados, mas fechar-se não é solução, só favorece os tráficos de origem criminosa. A única resposta é a da solidariedade.”

“O compromisso dos cristãos é urgente. Todos temos o dever de acolher o irmão que foge da guerra, da fome ou da violência e devemos ir ao encontro do que sofre para lhe levar o abraço e a misericórdia de Deus”, insistiu Francisco.

O Papa interpreta a questão de vestir os nus de uma forma actual também, “é preciso também vestir aquele que está nu, ou seja, restituir a dignidade a quem é vítima de todo o tipo de exploração ou discriminação.”

“O Senhor chama-nos a não nos fecharmos na indiferença, mas a abrirmo-nos aos demais, num compromisso tanto comunitário como pessoal, que torna a nossa fé fecunda, gerando paz e preservando a dignidade das pessoas.”

Desde o início do seu pontificado, mas de forma mais insistente durante o Jubileu que se iniciou em Dezembro do ano passado, o Papa Francisco tem feito da misericórdia um dos seus temas principais.