​YouTube, Instagram, Facebook
23-04-2018 - 07:36

O Facebook ou o Instagram são bem mais do que brinquedos que nos ofereceram para realizar a promessa de pôr de pé uma rede de comunicação à escala do mundo.

Mark Elliot Zuckerberg está à porta dos 34 anos e é hoje uma das pessoas mais ricas do mundo. Acumulou uma fortuna bilionária através de uma máquina de fazer dinheiro, por ele concebida e criada em 2004, chamada Facebook, e controla várias outras empresas de grande impacto na internet, como é o caso do Instagram ou do Whatsapp.

Até tempos recentes, Zuckerberg fazia questão de se distanciar dos problemas suscitados pelo Facebook, nomeadamente quanto à natureza de alguns dos seus conteúdos e à privacidade dos dados das muitas centenas de milhões de utilizadores de todo o mundo, dizendo que o negócio que criou assentava não na edição de conteúdos mas numa infra-estrutura tecnológica. Quando recentemente teve de comparecer em comissões do Senado do seu país, por causa do escândalo da empresa Cambridge Analytics, acabou por reconhecer que lhe era difícil continuar a defender tal posição de alegada neutralidade, tantos eram, e são, os problemas gerados nos anos mais recentes.

É evidente hoje que o Facebook – e o mesmo se poderia dizer do Twitter ou do Youtube (que pertence à Google) – albergam e difundem o melhor e o pior, porque, como dizia recentemente na Argentina o sociólogo Manuel Castells, “as redes são a expressão do que somos e a espécie humana não é necessariamente boa”.

A meu ver, porém, não basta repetir o que o senso comum diz habitualmente das tecnologias: que elas, em si mesmas, “não são boas nem más”; e que “o uso que delas fazemos é que é determinante”. É verdade que muito depende do utilizador e do uso. Mas é preciso não ser ingénuo relativamente à natureza e finalidades das redes sociais. O Facebook ou o Instagram são bem mais do que brinquedos que nos ofereceram para realizar a promessa de pôr de pé uma rede de comunicação à escala do mundo. E não é só pelas utilizações fraudulentas e mal-intencionadas de que vamos tendo conhecimento. Somos também nós que fazemos essas redes, em particular quando nos desinteressamos de conhecer a sua lógica de funcionamento e adotamos, no seu uso, ‘comportamentos de manada’.

Como ficamos a saber, nem mesmo aqueles que se pretendem manter de fora das redes sociais deixam necessariamente de ser afectados por elas. A desconexão total e permanente é quase impensável. Por conseguinte, vivendo junto ao mar, será mais inteligente aprender a nadar. Mas é preciso mesmo aprender e trabalhar para isso. O uso fácil e barato cria a ilusão de que somos mestres e senhores. E isso é burrice.