O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, disse esta quarta-feira desconhecer os contornos do processo Tutti Frutti que envolve três deputados da bancada e remeteu para mais tarde uma posição sobre se mantém a confiança política naqueles parlamentares.
"Ao que sabemos, e ao que sei neste preciso momento, terá sido pedido agora o levantamento da imunidade parlamentar sobre três deputados do PSD. Eu não conheço os contornos, não conheço as imputações que não seja pela comunicação social, terei oportunidade de falar com os senhores deputados sobre essa matéria", afirmou Hugo Soares, em declarações aos jornalistas, no parlamento.
O Ministério Público pediu o levantamento de imunidade dos deputados do PSD Luís Newton, Carlos Eduardo Reis e Margarida Saavedra no âmbito do processo Tutti Frutti, a fim de os constituir arguidos e recolher declarações, de acordo com o despacho do Tribunal Central de Instrução Criminal, avançado terça à noite pela CNN Portugal e ao qual a Lusa teve também acesso.
Segundo este documento, o MP considera que Carlos Eduardo Reis está fortemente indiciado por corrupção ativa, prevaricação e tráfico de influência. Já sobre Luís Newton recaem fortes indícios de corrupção passiva e prevaricação, enquanto Margarida Saavedra está fortemente indiciada por burla qualificada.
Questionado sobre se mantém a confiança naqueles deputados, Hugo Soares respondeu que terá oportunidade de falar com eles e de "os confrontar com aquilo que são as notícias públicas", acrescentando que "a seu tempo" tomará decisões.
O líder parlamentar do PSD frisou que a investigação decorre há muitos anos e que os deputados já tinham pedido a sua própria constituição como arguidos, "o que nunca veio a acontecer". .
Questionado igualmente sobre as conclusões do inquérito interno que o presidente do PSD anunciou em maio do ano passado que seria aberto para apurar as suspeitas lançadas pela "Operação Tutti frutti", Hugo Soares disse apenas que essa questão teria de ser colocada ao presidente do Conselho de Jurisdição Nacional.
Os três deputados sociais-democratas tomaram posse no dia 26 de março, na sequência das últimas eleições legislativas, e os pedidos de levantamento de imunidade terão agora de ser apreciados pela Comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados.
A operação batizada de "Tutti Frutti" investiga desde 2018 alegados favorecimentos a militantes do PS e do PSD, através de avenças e contratos públicos, estando em causa suspeitas de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido.
Em maio do ano passado, e depois de uma reportagem da TVI/CNN que recuperava o processo, o presidente do PSD, Luís Montenegro, anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as suspeitas lançadas pela "Operação Tutti frutti", cujas conclusões não foram, por enquanto, tornadas públicas.