Milhares de migrantes oriundos da Síria, Irão, Paquistão e África estão acampados ao longo da fronteira entre a Turquia e a Grécia. Homens, mulheres e crianças agarram-se à esperança de conseguiram atravessar, enanto se alimentam de biscoitos, bebidas e refeições ligeiras à base de batata que são fornecidos por voluntários de organizações.
Alguns migrantes viajaram cerca de 1.300 km desde os campos de refugiados na Síria.
A Grécia enfrenta uma pressão nas suas fronteiras externas com a Turquia, depois de o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter decidido ‘abrir as portas’ aos refugiados que pretendem rumar à Europa, numa tentativa de garantir mais apoio ocidental na questão da guerra na Síria.
A União Europeia e a Turquia celebraram em 2016 um acordo no âmbito do qual Ancara se compromete a combater a passagem clandestina de migrantes para território europeu em troca de ajuda financeira num valor total de seis mil milhões de euros para financiar o acolhimento dos refugiados, especialmente os sírios que fogem da guerra.
“Erdogan está a usar-nos para receber mais dinheiro da União Europeia”, disse à agência Reuters Tamam Srmini, um jovem sírio de 21 anos, oriundo da cidade de Alepo. “Mas nós temos que tentar. Não temos outra hipótese, pois não temos qualquer futuro na Turquia.”
Esta sexta-feira há registo de breves na fronteira entre a polícia grega, que lançou gás lacrimogéneo, e migrantes, que ripostaram a atirar pedras.
Após estes confrontos, centenas de migrantes reuniram-se em frente ao posto de fronteira de Pazarkule (Kastanies, no lado grego) a entoar palavras de ordem como "liberdade", "paz" e "abram as portas", de acordo com o fotógrafo da AFP. Algumas pessoas seguravam cartazes acima do arame farpado que diziam "queremos viver em paz".
As autoridades gregas também acusaram as forças turcas de dispararem bombas de gás lacrimogéneo e de lançarem bombas de fumo no lado grego da fronteira.
"Houve ataques coordenados esta manhã", disse uma autoridade grega.
Segundo Atenas, as autoridades turcas também estão a distribuir material para cortar as cercas que impedem a passagem dos migrantes para o lado grego.
Milhares de pessoas estão agora presos na fronteira greco-turca, campos improvisados formaram-se no lado turco. Muitos dormem ao ar livre, apesar do frio.
Também se desenvolveu toda uma economia de miséria, com vendedores ambulantes turcos a vender, dez vezes mais caro em relação ao preço regular, garrafas de água, alimentos ou materiais para fazer abrigos.