Covid-19. Ómicron é mais resistente à vacina, mas leva a menos internamentos
05-01-2022 - 13:54

Ana Paula Rodrigues, epidemiologista do INSA, destaca que os cuidados intensivos a cerca de 60% do nível de alerta.

A onda pandémica atual é diferente das anteriores. Mais casos e maior incidência, mas menos hospitalizações, com os cuidados intensivos a cerca de 60% do nível de alerta, apesar da menor efetividade da vacina.

Ana Paula Rodrigues, epidemiologista do Instituto de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), mostrou, no encontro do Infarmed desta quarta-feira, dados que comparam a gravidade da doença causada pelas variantes Ómicron e Delta, revelando que há vários sinais de menor gravidade da infeção no caso da mais recente.

A efetividade das vacinas é menor com a variante Ómicron, face à Delta, no entanto, aumenta após a dose de reforço e varia consoante a vacina e o tempo desde a última dose.

A epidemiologista referiu que em Portugal há uma seroprevalência muito elevada, devido aos bons métodos utilizados na campanha de vacinação. De acordo com os dados do mais recente inquérito serológico, em outubro, 86% da população portuguesa já tinha anticorpos contra o novo coronavírus. Os valores são superiores na população acima dos 70 anos.

Existe uma forte relação entre os anticorpos detetados e os anticorpos neutralizantes contra a infeção. Ana Paula Rodrigues assinalou que, uma vez que já foi iniciada a vacinação com a dose de reforço, a população mais velha encontra-se mais protegida contra os internamentos.

Há uma fasquia de 70% entre os 50 e os 59 anos que ainda não foram imunizadas com a dose de reforço. Entre os mais novos, porém, é esperada uma carga viral superior.

Em resumo, a especialista notou que há vários sinais de menor gravidade da infeção com Ómicron e que o risco de internamento em cuidados intensivos é menor.

Já a efetividade da vacinação é menor e o decaimento é mais rápido, porém esta efetividade é reposta com a dose de reforço, pelo que se pode concluir que há um "padrão diferente nesta onda Ómicron", que apresenta uma prevalência elevada mas um peso relativo menor".

"Não significa que passaremos a ter uma infeção ligeira, mas é mais benigna", alertou a especialista, que remata dizendo que continua, por isso, a impor-se a manutenção das medidas restritivas.