PSOE viajou até à Suíça para demover Puigdemont de regressar a Espanha
05-08-2024 - 17:58
 • Diogo Camilo

Ex-líder da Catalunha quer marcar presença na investidura do novo presidente do Parlamento catalão. Apesar da lei da amnistia, ordem de detenção emitida pelo Supremo espanhol continua em vigor.

Depois de quase sete anos a evitar a justiça espanhola, o líder separatista catalão, Carles Puigdemont, anunciou a sua intenção de voltar a Espanha. Para o tentar demover, o PSOE, de Pedro Sánchez, lançou uma operação para que o antigo presidente da Catalunha não entre em território espanhol enquanto a ordem de detenção emitida pelo Supremo espanhol se mantenha em vigor e até enviou uma delegação à Suíça — mas sem sucesso.

Segundo o El Mundo, vários dirigentes do PSOE enviaram mensagens ao ex-presidente da Catalunha para o dissuadir de se apresentar na investidura de Salvador Illa como novo chefe regional catalão, sob pena de ser imediatamente detido.

A última tentativa de demover Puigdemont foi através de uma reunião na Suíça, realizada no passado dia 19 de julho, em que participaram altos representantes de Puigdemont e de Pedro Sánchez, na qual os socialistas explicaram que não têm qualquer controlo sobre o Supremo Tribunal e que, por isso, não se poderão responsabilizar sobre a interpretação da lei que exclui a lei da amnistia aprovada no final de maio.

Depois de uma tentativa abortada de secessão da Catalunha em 2017, Puigdemont abandonou o país para fugir à justiça espanhola, sendo acusado de desvio de fundos e investigado por alta traição.

A intenção de voltar a Espanha para a investidura do Parlamento catalão foi confirmada pelo próprio Puigdemont, numa carta aberta publicada na rede social X (antigo Twitter).

“Se for detido, não será a primeira vez. Estive numa prisão alemã, outra italiana, fui detido numa esquadra belga e fui notificado pela polícia antiterrorista francesa. Tudo isto por ordem do aparato judicial espanhol”, escreveu.

Em resposta, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) emitiu um comunicado em que apelidam de "ofensa" a promessa de Puigdemont de voltar a Espanha, exigindo um pedido de desculpas ao ex-presidente por culpar o partido de ser o responsável pela sua eventual detenção.

A 27 de julho, quando anunciou a sua promessa de regressar a Espanha, Puigdemont afirmou que era sua “obrigação” ir ao parlamento catalão para a investidura do novo presidente, indicando ainda que, caso regressasse, esperava que "as autoridades evitem o que seria uma detenção ilegal, uma detenção arbitrária". Na sua opinião, deveria ser-lhe concedido um indulto.