Desde que as autoridades publicaram a foto do homem mais procurado de Portugal que os contactos das populações se têm multiplicado, tal como as pistas para perseguir o suspeito dos crimes de Aguiar da Beira. Mas se algumas puseram as autoridades na rota do duplo homicida, outras revelaram-se falsas.
Pedro Dias, de 44 anos, que matou um militar da GNR e um civil há mais de uma semana , já esteve alegadamente em Montalegre, a caminho de Salamanca, em Vila Verde, e em Viseu. Nada o comprovou.
Primeiro, foram os dados de que o duplo homicida estaria em Montalegre numa bomba de gasolina a abastecer um Ford Fiesta branco. Pedro Dias teria de ter feito mais de 177 quilómetros, e estaria ao pé da fronteira. Não estava. Nessa altura, andaria por Arouca.
A informação foi descartada depois de vistas as imagens de videovigilância do posto de abastecimento. Houve também a pista de Salamanca que punham o alegado criminoso em Espanha. As televisões enviaram equipas para o local, houve notícias de estradas cortadas. Mas do perseguido nem sinal.
No tribunal ou na loja
A vontade das forças de autoridade é levar Pedro Dias a tribunal, e houve quem tivesse jurado que o tinha visto junto ao edifício da comarca de Viseu.
Uma chamada telefónica, na manhã de terça-feira, levou a PSP de Viseu a procurar o suspeito junto ao tribunal. Um homem ainda chegou a ser abordado pela polícia que rapidamente percebeu que, apesar das parecenças, não se tratava de Pedro Dias.
Segundo o "Observador" escreveu têm sido feitas várias chamadas para a GNR de pessoas preocupadas com esta perseguição e que colocam muitas questões. O major Pedro Gonçalves, relações públicas da GNR da Guarda, disse que a divulgação da foto “provocou vários avistamentos de Norte a Sul, o que dificulta muito a investigação”.
Já esta quarta-feira, Major Marco Cruz, chefe de Divisão de Comunicação e Relações Públicas da GNR, diz que uma parte do efeito de divulgar a foto foi boa porque dá mais informação à GNR, mas lembra que as pistas dadas por populares são cruzadas com outras fontes da investigação.
Tem havido de tudo um pouco nos relatos feitos por populares a forças de segurança, desde barulho em lojas que geram alertas para a polícia, até um homem que em Vila Real disse ter sido agredido por Pedro Dias. A alegada vítima afirmava ter sido ameaçada com uma arma de fogo porque o alegado homicida lhe queria roubar comida. A PJ chegou a interrogar o homem, mas descartou a hipótese.
Como acontece em alguns destes casos muito mediatizados começam a repetir-se avistamentos que são motivados pelo “efeito de sugestão”.