D. Manuel Clemente defende que a libertação de prisioneiros não põe em perigo a segurança pública
05-04-2020 - 14:11
 • Pedro Filipe Silva

Em entrevista à Renascença, o Cardeal Patriarca afirma que as medidas para as prisões "partem do que já está previsto", e o que está a ser feito é alargá-las. Defende também que "um Estado decente não abandona os seus cidadãos, mesmo os presos".

O Cardeal Patriarca de Lisboa defende que perante esta pandemia da Covid-19 é preciso também olhar para os reclusos, que a sociedade não pode e não deve abandonar.D. Manuel Clemente defende que esta medida não põe em risco a segurança pública.

Para reforçar esta ideia, D. Manuel Clemente cita a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, que num artigo de opinião no Diário de Notícias publicado sábado, defendeu que "um Estado decente não abandona os seus cidadãos, mesmo os presos"

Em declarações à Renascença, à margem da celebração do Domingo de Ramos, na Sé de Lisboa, D. Manuel Clemente sublinha que ceder indultos ou conceder um perdão parcial de penas "são medidas que partem do que já está previsto", e o que está a ser feito é alargá-las "sem pôr em causa de maneira nenhuma a segurança pública".

"Vão também ao encontro do que a Organização Mundial de Saúde e outros governos da Europa já têm avançado", acrescenta.

Para o Cardeal Patriarca estas são medidas importantes para um bem comum. "Nos espaços, sejam prisões ou lares, em que esteja muita gente concentrada é preciso garantir situações de isolamento, para prevenir e resolver a pandemia. É por isso absolutamente necessário criar esse espaço a bem de todos."

D. Manuel Clemente acrescenta que a situação atual pode ser uma oportunidade para apostar na reinserção social.

"Fico a pensar se não pode ser uma ocasião, no que diz respeito ao sistema penal e à recuperação dos cidadãos mesmo aqueles que prevaricaram, de se ver como é que se pode acompanhar em geral aqueles que mesmo já tendo cumprido as penas precisam disso mesmo, de continuar a ser acompanhados", diz o Cardeal Patriarca de Lisboa.

Na mesma entrevista à Renascença, o Cardeal Patriarca aproveita para relembrar que a "Igreja continua a acompanhar a situação dos reclusos através dos serviços de capelania. Estamos aí como estamos noutras frentes, com todas os cuidados a ter nesta altura, mas ninguém abandona a fronteira", conclui D. Manuel Clemente.