Campo de refugiados de Moria. Amnistia Internacional diz que apoio da UE é “um tapa buracos”
09-09-2020 - 18:48
 • Sérgio Costa com Renascença

Diretor-executivo da Amnistia Internacional diz à Renascença que "a Europa continua a ser coerente com aquilo que não tem vindo a fazer".

O diretor-executivo da Amnistia Internacional (AI), Pedro Neto, considera que a resposta da União Europeia (UE) ao incêndio do campo de refugiados de Moria, na ilha grega de Lesbos, é uma “assistência de emergência quando o problema tem de ser resolvido” a longo prazo.

“A Europa continua a ser coerente com aquilo que não tem vindo a fazer”, acusa Pedro Neto em declarações à Renascença esta quarta-feira. "A UE tem falhado neste exemplo de acolhimento a estas pessoas”, reforça o responsável.

"O apoio que UE promete dar é como um tapa-buracos”, diz Neto, defendendo que a resposta ideal por parte do bloco passaria por “recolocar estas pessoas por toda a UE”.

“Não podemos deixar esse esforço todo à Grécia e à Itália”, sublinha Neto.

O diretor-executivo da AI relembra que “nos países onde o esforço é maior é onde as narrativas de odio e discriminação contra estas populações frangeis e sem voz para se defenderem ganha tração”. “Eles não são migrantes”.

Pedro Neto recorda ainda que “os Estados que acolhem não tem feito esforço financeiro do seu Orçamento de Estado Nacional”, uma vez que a UE “tem dado incentivos financeiros para este acolhimento”.

O diretor da AI realça o caso de Portugal, que, apesar de não receber muitos refugiados, “tem inúmeros exemplos de sucesso de pessoas que se integraram e cedo começaram a contribuir para as comunidades”.

Sobre o incêndio desta madrugada em Moria, Pedro Neto fala numa “tragédia a somar a outras tragédias" no terreno.

"A primeira foi estas pessoas terem fugido do lugar onde viviam por não terem condições para lá viver”, esclarece.

Ainda antes do incêndio, e após a confirmação de pelo menos 32 casos de infeção pela Covid-19 entre os migrantes, este e outros campos de refugiados na Grécia foram colocados em "isolamento total".