​Vergonhas nacionais
22-08-2019 - 06:40

Reina o caos em inúmeros serviços públicos - e não apenas na saúde. Centenas de pessoas passam quase toda à noite à porta desses serviços e frequentemente nem assim conseguem ser atendidos.

Esta semana os juízes queixaram-se das péssimas condições físicas em que trabalham, praticamente em todas as comarcas do país. É mais um exemplo de como a redução ou mesmo a eliminação do défice orçamental foram sobretudo conseguidas cortando despesas do Estado que deveriam ter sido feitas. Na saúde, na justiça e em muitos outros setores.

Só que não houve reformas - os parceiros da extrema-esquerda jamais o permitiriam. Houve, sim, inúmeros anúncios propagandísticos de que, em breve, iriam ser ultrapassados os problemas da falta de recursos humanos e financeiros que entravam o funcionamento de numerosos organismos e serviços públicos.

Na sua esmagadora maioria, esses anúncios nada adiantaram. Por isso, ao longo desta semana a Renascença, através do seu jornalista João Cunha, deu a conhecer uma série impressionante de casos de péssimo funcionamento de serviços do Estado em Lisboa. É bem possível que noutras localidades do país aconteçam coisas parecidas.

Multiplicam-se as pessoas que vão às 2 horas da madrugada esperar na rua onde se situa o IMT - Instituto de Mobilidade e de Transportes, de Lisboa e Vale do Tejo, para resolver problemas relacionados com automóveis. Frequentemente, quando muitas dessas pessoas conseguem entrar no IMT é tarde demais: já não há senhas, volte amanhã.

Também em Lisboa, na Loja do Cidadão das Laranjeiras, passam-se coisas parecidas. E na Conservatória dos Registos Centrais de Lisboa o drama é ainda maior, pois envolve imigrantes - que às vezes falam mal a nossa língua e sobretudo não votam e, por isso, podem ser maltratados sem problemas eleitorais. Nos últimos doze meses duplicaram as queixas contra o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Há casos escandalosos, como o de um imigrante que teve de ir de Lisboa ao Funchal para resolver um problema de papéis. Vários imigrantes são mandados para repartições muito longe de Lisboa. Ou, ainda, há emigrantes que são aconselhados em consulados portugueses no estrangeiro a virem a Portugal tratar das suas questões - e aqui lhes dizem, afinal, que não, que têm de regressar ao local onde vivem...

E não há internet para resolver alguns problemas à distância? Haverá, mas muitos portugueses e estrangeiros imigrantes não sabem trabalhar com a informática. Não podem, por isso, ser menorizados.

Decerto que os funcionários dos serviços onde falta muita gente não são culpados destas lamentáveis situações. Responsável é o governo, que não disponibiliza os meios para os serviços funcionarem.

Enfim, vergonhas indignas de um país europeu.