​Falta gente para trabalhar
15-07-2022 - 06:21

Nos graves problemas que se vivem nos aeroportos, encontra-se uma realidade que afeta quase todos os ramos da atividade económica: a falta de gente para trabalhar. Por isso, incentive-se a imigração, mas com respeito pelos direitos humanos.

No princípio deste mês, o caos nos aeroportos atingiu um grau nunca antes visto. As televisões mostraram-nos inúmeros passageiros desesperados nos aeroportos, sem acesso a quaisquer informações ou apoios. E quando finalmente conseguiam partir, as suas bagagens nem sempre os acompanhavam.

O problema dos atrasos nos aeroportos foi sentido em praticamente toda a Europa e também, mas menos, nos EUA. Sucederam-se os cancelamentos de voos em cima da hora, levando muita gente a perder ligações.

Este problema prejudica sobretudo países turísticos, como Portugal. Não se pode excluir a possibilidade de turistas estrangeiros evitarem os problemas pelos quais passaram nos aeroportos, deixando de viajar para o nosso país.

Estamos em meados de julho e na Portela e no Porto ainda se registam cancelamentos. Ultrapassar esta situação passou a ser uma prioridade nacional.

As trapalhadas com o previsto encerramento do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) não ajudam. A Easy Jet, uma companhia “low cost” que ficou com várias autorizações de descolagem e aterragem, “slots”, antes pertencentes à TAP, já anunciou cancelamentos de voos previstos para o fim do verão.

Por outro lado, importa ter consciência de que esta realidade resulta de um problema do qual se queixam quase todos os ramos da atividade económica: a falta de gente para trabalhar. Daí um desejável recurso ao trabalho de imigrantes.

Há cerca de um mês foi criado um visto específico destinado a imigrantes que pretendam procurar trabalho em Portugal. Um passo na direção certa ou seja, “no sentido da promoção das migrações seguras”.

Mas outros passos serão necessários. Desde logo para garantir que imigrantes, nomeadamente asiáticos, que mal entendem a nossa língua, não sejam alvo de uma desumana exploração.

Graças à investigação de jornalistas, pudemos tomar conhecimento de situações inaceitáveis de exploração em zonas de estufas no Alentejo. Promova-se a vinda de imigrantes para trabalharem no nosso país, mas com respeito pelos direitos humanos.

O mercado de trabalho favorece, hoje, os trabalhadores, depois de muitos anos em que a situação lhes era adversa. Será positivo que a presente e maior força negocial dos trabalhadores faça subir os salários, muitos dos quais ainda se situam quase ao nível do salário mínimo.

Mas as reivindicações salariais nas empresas devem atender às condições concretas de cada uma. Uma subida salarial excessiva pode levar a empresa à falência, trazendo desemprego.