Pedro Dias confessa parte dos crimes: matou militar da GNR, mas não o casal de Arouca
15-02-2018 - 11:46

Réu diz que foi um dos militares da GNR, António Ferreira, a atingir a tiro os dois civis que viajavam na Estrada Nacional 229.

"Puxo da minha arma para que aquilo acabasse (...) O meu objectivo não era matá-lo, mas fazer com que ele terminasse aquelas agressões". Foi desta forma que Pedro Dias, conhecido como o "Piloto", confessou, na manhã desta quinta-feira no Tribunal da Guarda, a morte de um miltar da GNR, Carlos Caetano, de 29 anos. No entanto, o arguido rejeitou a responsabilidade na morte do casal de civis de que está indiciado.

Pedro Dias explicou que matou o guarda depois de ter sido agredido com encontrões, pontapés, joelhadas e murros.

"És um pilha galinhas, diz-me o que estás aqui a roubar", ter-lhe-á dito Carlos Caetano.

O arguido está acusado da prática de três crimes de homicídio qualificado sob a forma consumada, três crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada, três crimes de sequestro, crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas.

Durante o depoimento, reconheceu que depois obrigou o militar da GNR, Vítor Ferreira, a colocar o corpo do colega Carlos na bagageira do carro da GNR.

Antes ainda fugiu, mas depois regressou ao local onde tinha abandonado o corpo de Carlos Caetano. No entanto, percebeu pela cor amarelada da pele e pelo facto de não lhe detetar o pulso que o jovem estava morto.

António Ferreira pediu-lhe várias vezes para não o matar. “Mandei-o tirar o casaco com medo que ele tivesse alguma coisa no casaco", explicou Dias.

Pedro Dias acusou depois o guarda Ferreira de ter matado o casal Pinto, quando estava a tentar detê-lo. "O sr. Ferreira dá um tiro sobre o tejadilho do carro da patrulha", contou.

"Ouço mais dois ou três disparos", continuou. Dias afirma ter conseguido depois voltar a manietar o militar.

O arguido, de 44 anos, esteve fugido um mês após os crimes de Aguiar da Beira, até se ter entregado às autoridades. Tem aguardado o julgamento em prisão preventiva.

Prescindiu da leitura da acusação e ficou em silêncio no início do julgamento, mas a advogada Mónica Quintela já tinha assegurado aos jornalistas que o arguido iria falar.

Pedro Dias está acusado de três crimes de homicídio qualificado sob a forma consumada, três crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada, três crimes de sequestro, crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas.