Operação Marquês. O que diz um especialista em informática sobre sorteio dos juízes?
17-10-2018 - 18:42
 • José Carlos Silva

Juiz Carlos Alexandre ​questionou sorteio eletrónico. A Renascença falou com o diretor da revista "Exame Informática" sobre até que ponto as probabilidades num sorteio em que intervêm duas pessoas são exatamente de 50%.

O sorteio do juiz de instrução da “Operação Marquês” não foi “mal me quer, bem me quer”. As críticas do juiz Carlos Alexandre lançaram o assunto: em abstrato, até que ponto as probabilidades num sorteio em que intervêm duas pessoas são exatamente de 50%?

Pode a “máquina” ser instruída para alterar as probabilidades de uma pessoa ser escolhida e outra não? “Basicamente, as máquinas fazem aquilo que alguém as programou para fazer. No caso dos sorteios, os técnicos encarregues por qualquer sorteio podem dizer à máquina, por exemplo: 'vais falhar seis vezes, mas vais acertar à sétima e vais dar este resultado'”, explica Pedro Oliveira, diretor da revista “Exame Informática”.

Contudo, uma coisa é alguém influenciar, deliberadamente, um resultado com fins pouco claros e outra é que os resultados sejam influenciados por variáveis que façam sentido.

Pedro Oliveira lembra que é desejável que os sistemas seja blindados, porque é assim que deve ser.

“Como é óbvio, em sistemas que sejam bem coordenados e bem certificados não é possível fazê-lo (intervir) porque há outras instruções que não permitem que a máquina tenha esse comportamento. Agora, se o sistema não for devidamente vigiado e se não for devidamente controlado e quem está a programar não tiver as melhores intenções, bom, basicamente tudo é possível”, refere o diretor da revista “Exame Informática”.

E é possível e desejável que se evite a manipulação dos resultados a dar por uma máquina, afirma: “quanto mais fechado for um programa mais controlado ele vai estar. Embora existam, por exemplo, muitos sistemas que são sistemas abertos e que ganham com isso porque têm muita gente a colaborar ativamente para que eles cresçam e se tornem melhores”.

No entanto, no meio de toda esta contribuição existe sempre uma camada, ou seja, existe sempre alguém que está a supervisionar e garantir que aquilo que está a ser um contributo de uma determinada comunidade é um contributo válido”.

Contas feitas as máquinas apenas respondem às instruções que lhe são dadas. As variáveis podem ser da escolha por percentagem ou por tentativa. A pergunta que se coloca é que método foi utilizado no processo Marquês, se é que foi utilizado algum método.