Jerónimo de Sousa defende que nada obriga à dissolução do Parlamento
28-10-2021 - 20:18
 • Renascença

O secretário-geral do PCP considera que, se Marcelo Rebelo de Sousa avançar com a decisão, então as legislativas têm de ser marcadas "rapidamente".

O secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa defende que nada obriga à dissolução do Parlamento e à subsequente realização de eleições antecipadas.

Em vez disso, o líder comunista quer que o Governo de António Costa apresente um novo Orçamento do Estado para 2022, depois do chumbo da primeira proposta, esta quarta-feira.

"Afinal o que o PS quer é ter maioria absoluta. Não há OE, porque o PS não quis. Nada impede que o Governo assuma os compromissos necessários", argumenta, durante um comício em Évora.

"Se, entretanto, o Presidente da República manter a intenção de marcar eleições antecipadas, sem necessidade de o fazer, tem de assumir essa responsabilidade", acrescenta.

Jerónimo de Sousa considera que, se Marcelo Rebelo de Sousa avançar com a decisão, então as legislativas têm de ser marcadas "rapidamente".

"Não seria compreensível que quisesse arrastar o processo para favorecer estratégias estranhas aos interesses do povo português", afirma.

Não há orçamento "porque PS quer maioria absoluta"

O secretário-geral do PCP acusou o PS de não ter permitido a aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2022 porque “quer maioria absoluta” para “poder livremente manter os seus compromissos com o défice e o grande capital”.

“Não há orçamento, porque o PS quer uma maioria absoluta para, sem condicionamentos, não responder aos problemas do país e poder livremente manter os seus compromissos com o défice e o grande capital em prejuízo do que interessa aos trabalhadores e ao povo”, disse Jerónimo de Sousa, num comício do PCP em Évora.

“Milhões de portugueses interrogam-se porque não foi possível aprovar o orçamento. O futuro dirá, mas desde já se levanta a ponta do véu”, afirmou, lembrando que, na quarta-feira, na Assembleia da República, ao fechar o debate sobre o OE2022, o primeiro-ministro, António Costa, “pediu uma maioria estável e duradoura para o PS”.

“Afinal, o que o PS quer é uma maioria absoluta”, atirou, sublinhado: “Mostra-se assim que não há orçamento, porque o PS não quis”.

Segundo o líder do PCP, “o Governo recusou respostas e soluções, conduzindo a que o OE2022 não tenha sido aprovado” e, no futuro, “deve retirar ilações” do ‘chumbo” do documento.

Por outro lado, se o Governo “tiver esse sentido de dar solução aos problemas, nada impede que apresente uma nova proposta de OE2022 e assuma os compromissos necessários além dele”.

O OE2022 “não está destinado a ser rejeitado se contiver as respostas que o país precisa”, defendeu, insistindo que “se o PS e o Governo concluírem que querem continuar a recusar o que faz falta ao país, então retirem definitivamente daí as suas conclusões”.

Na quarta-feira, o parlamento ‘chumbou’, na generalidade, o OE2022, com os votos contra de PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, Chega e IL, abrindo caminho a eleições legislativas antecipadas.

O PS foi o único partido a votar a favor da proposta orçamental, que mereceu as abstenções do PAN e das duas deputadas não-inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.