Assis: "Tenho fortes dúvidas de que o Governo chegue ao fim da legislatura"
29-12-2016 - 10:04
 • João Carlos Malta

No programa Carla Rocha - Manhã da Renascença, o socialista disse duvidar que o Governo do PS chegue ao fim da legislatura e mesmo que isso seja desejável.

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Francisco Assis, uma das vozes mais proeminentes da oposição interna do PS, disse ter fortes reservas sobre a possibilidade de o Governo liderado por António Costa, com suporte parlamentar da esquerda, chegar ao fim da legislatura em 2019. E duvida que isso seja “desejável”, acrescenta.

“Tenho fortes dúvidas e, sobretudo, que seja desejável que o Governo chegue ao fim da legislatura”, disse durante o espaço de comentário que partilha com João Taborda da Gama no programa Carla Rocha - Manhã da Renascença.

Os dois comentadores analisavam os factos mais marcantes de 2016, ao nível nacional e internacional, e Francisco Assis revelou que não considera a duração da solução governativa “um êxito particularmente relevante”.

“Não me surpreendeu a longevidade, estava à espera que isso acontecesse. Tenho uma perspectiva crítica em relação a esta solução política, mas estava à espera que ela se aguentasse durante algum tempo”, explicou.

Apesar das críticas ao modelo governativo, Assis considera que o primeiro-ministro “revelou qualidades políticas muito grandes, que o levaram a colocar-se uns patamares acima da solução política que ele próprio concebeu e está a liderar".

Mesmo sendo um dos críticos internos de António Costa, Assis considera que em “questões decisivas” relacionadas com a Europa o líder do executivo “impôs o seu ponto de vista”. “Nesse sentido surpreendeu-me a forma como conseguiu contornar as reacções negativas passadas pelos outros partidos [PCP e BE].”

“O António Costa tem sabido manter uma linha de orientação e não tem cedido em nenhum aspecto essencial. E isso merece o meu respeito”, acrescentou.

Ainda assim, o ex-líder parlamentar do PS disse que continua “a pensar que é por aí [posições perante a Europa] que as contradições se vão manifestar”.