A hesitação da Alemanha
22-01-2023 - 00:00
 • José Bastos

João Loureiro, Miguel Leichsenring-Franco e Nuno Botelho na análise da ajuda de Berlim à Ucrânia, globalização em tempos de desglobalização e protestos de professores em Portugal.

Desde o início da invasão russa na Ucrânia – completa um ano a 24 de fevereiro - que o Ocidente tem resistido a entregar algumas das suas armas mais potentes ao seu aliado eslavo por receio de desencadear um confronto direto entre a Rússia e a NATO.

Mas essas reticências têm-se esbatido gradualmente à medida a que o conflito entra num impasse, se alteram as circunstâncias no terreno e o Kremlin mostra o seu desdém por algumas das regras mais básicas de guerra.

Ao anúncio dos Estados Unidos e da Alemanha do envio de mísseis Patriot, seguiu-se a manifestação da intenção de vários países de entregar blindados de combate à Ucrânia

A mudança de atitude decorre do crescente consenso sobre a necessidade de romper, quanto antes, o impasse bélico dos últimos meses. Os dois lados estão atolados na frente oriental do Donbass onde se combate quilómetro a quilómetro sem grandes avanços, embora a previsão dos especialistas seja a de que tudo se acelere com o recuo do Inverno e a chegada dos primeiros sinais da Primavera.

O problema é que a Alemanha continua a sopesar os prós e contras de enviar os seus tanques Leopard 2A6 para a Ucrânia, consideradas armas chave para definir o futuro do conflito. O quadro pode mudar no campo de batalha se Berlim enviar os seus Leopard 2A6 e autorizar, paralelamente, que a vintena de países da NATO com esses modelos nos seus arsenais (Portugal tem 37) os 'reexportem para Kiev'. Alguns países, com a Polónia à cabeça, não escondem o desconforto com a posição alemã e manifestam a intenção de contornar o problema.

A análise é de Nuno Botelho, líder da ACP -Câmara de Comércio e Indústria do Porto, João Loureiro, professor de Economia da Universidade do Porto e Miguel Leichsenring-Franco, gestor, ex-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã a olharem também para Davos 2023 – devido à geopolítica, estará a globalização em causa na era da ‘desglobalização’? – e para os protestos dos docentes em Portugal.