Batatas quentes
19-11-2020 - 09:15

Tudo parece de novo embrulhado ao nível da União Europeia.

Polónia, Hungria e também a Eslovénia são contra a cláusula de condicionalidade que o Conselho e o Parlamento Europeu querem introduzir no sentido de condicionar a disponibilização dos fundos de recuperação económica ao cumprimento das regras de um estado de direito por parte dos países receptores. Polónia e Hungria sabem que são os visados e por isso bloqueiam todo o processo que tem de ser aprovado por unanimidade.

Não parece que Hungria e Polónia venham a aceitar a cláusula pelo que provavelmente quem vai ter de ceder são os restantes estados. Não faz sentido bloquear fundos que são essenciais para a recuperação europeia e também não se está a ver como os dois países votem contra si próprios. Como muitos outros, não aprovo as restrições ao estado de direito que se estão a verificar nos dois estados, mas não é bom processo lidar com elas através de sanções deste tipo que, longe de enfraquecerem os alegados prevaricadores, só os irá fortalecer internamente. Maior flexibilidade do Conselho é, pois, necessária.

Outra confusão é a das dificuldades em chegar a acordo relativamente ao tratado que, supostamente a partir do próximo ano, irá regular as relações económicas entre o Reino Unido e a União Europeia. Há sem dúvida culpas de ambos os lados nestes escolhos, e em particular da União com a extraordinária ideia de usar as negociações para demonstrar que a saída da União não compensa, mas a verdade é que não parece existirem dificuldades verdadeiramente inultrapassáveis

O interessante é que estes dois problemas surgem durante a presidência alemã da União, supostamente uma presidência forte e que teria poder suficiente para desbloquear impasses. Vamos ver no pouco tempo que ainda resta até ao final do ano se a Alemanha fará milagres. Se não os fizer a “batata quente” passará para Portugal.