Voltar a impugnar as eleições? Partidos acham pouco provável, mas PAN deixa aviso
23-03-2022 - 07:10
 • Tomás Anjinho Chagas

Da esquerda à direita, maioria dos partidos não coloca o cenário de voltar a repetir as eleições no círculo da Europa. PSD não quer pensar “na hipótese remota” de novo incumprimento das mesas de voto. As eleições foram contestadas após serem detetados votos que não traziam cópia do Cartão de Cidadão.

À segunda é de vez? A votação por correspondência termina esta quarta-feira e os resultados finais deverão ser afixados a 25 de março, se não houver recursos.

A três dias do dia em que estarão contados os votos no círculo da Europa, os partidos políticos não parecem inclinados a voltar a impugnar. Quase dois meses depois, Portugal pode finalmente completar os 230 deputados que devem tomar posse na próxima terça-feira, dia 29 de março.

No início de fevereiro, o PSD apresentou um protesto porque nem todos os votos do círculo da Europa estavam acompanhados da cópia do documento de identificação. Soube-se depois que todos os partidos (o PSD incluído), tinham feito uma reunião informal onde concordaram que nenhum partido iria impugnar as eleições por essa razão. Os social-democratas recuaram, o caso foi levado à justiça e o Tribunal Constitucional anulou todos os votos.

Não vislumbramos nenhum motivo para proceder a qualquer protesto”, revela Maria Ester Vargas, cabeça de lista do PSD ao círculo da Europa. A social-democrata espera que o ato corra “melhor desta vez e não acredita que haja uma nova impugnação. A candidata adverte ainda para a “possibilidade remota” de haver mesas que não respeitam a lei.

O PS quer desatar o nó o mais depressa possível. “Como é óbvio, não há qualquer intenção” de contestar o ato eleitoral, revela à Renascença Paulo Pisco, cabeça de lista pelo círculo da Europa dos socialistas. O candidato sublinha a necessidade de colocar o país a funcionar novamente, e para isso espera que “as coisas corram bem”.

Do lado do Chega, a prioridade é a mesma. Numa resposta enviada à Renascença, fonte do partido liderado por André Ventura revela que “o CHEGA não tenciona impugnar as eleições do círculo da Europa”.

“Partimos do principio que, desta vez, o processo decorreu de forma mais limpa e correta”, explica Carolina Diniz, a candidata da Iniciativa Liberal à Renascença. “Não estamos a pensar nisso [protestar]”, esclarece. Carolina Diniz diz ainda esperar que os restantes partidos não coloquem mais entraves à tomada de posse da Assembleia da República.

O Bloco de Esquerda também não tem intenções de impugnar a contagem dos votos. Pedro Filipe Soares, líder parlamentar, assegura que “do que nós conhecemos ao dia de hoje, não há nenhum motivo que nos leve a colocar isso em cima da mesa”, diz.

Também à esquerda, o PCP não quis pronunciar-se sobre o tema. Fonte do Partido Comunista justifica que “não vemos razões para falar sobre eventuais impugnações neste momento”.

“O PAN não vai estar a fazer futurologia”, assegura o candidato do PAN, Rogério Castro. “Esperemos que os erros não voltem a acontecer”, no entanto, deixa uma garantia: “Entre ter um Parlamento em funções e respeitar a democracia, o PAN prefere respeitar a democracia”. Rogério Castro assume que caso haja irregularidades na contagem dos votos, o PAN pondera voltar a protestar. Mas afirma que o partido espera que “essas irregularidades não aconteçam”.

O Livre vai apostar numa presença nas mesas de voto para fiscalizar. “Impugnar outra vez as eleições teria consequências seríssimas. Não estamos a pensar em tal coisa”, explica Natércia Lopes, a candidata do Livre ao cícrulo da Europa.