Papa na Roménia: o presente é de restituição aos católicos, mas o passado foi de mártires
30-05-2019 - 21:41
 • Aura Miguel

Francisco parte para mais uma visita de três dias a terras ortodoxas. Na Roménia, o regime comunista extinguiu a igreja católica de rito oriental. Quem resistiu, foi preso e torturado.

Francisco parte para mais uma visita de três dias a terras ortodoxas, com uma forte incidência ecuménica, sobretudo, nesta sexta-feira, em Bucareste.

“Caminhamos juntos” é o tema desta visita pastoral, semanas depois de o Papa ter visitado outros dois bastiões ortodoxos, na Bulgária e Macedónia do Norte.

Na Roménia, 80% da população é ortodoxa e, apesar dos católicos serem minoria, as comunidades são vivas, talvez devido a décadas de sofrimento desencadeado pelo regime comunista que, por decreto em 1948, extinguiu a igreja católica de rito oriental e confiscou as suas igrejas, escolas e bens eclesiásticos, entregando-os à igreja ortodoxa. Quem resistiu, foi preso e torturado, e muitos morreram na prisão. Sete destes bispos mártires serão beatificados no próximo domingo pelo Papa Francisco.

Tema sensível nesta viagem é a restituição desses edifícios e igrejas católicas, ainda hoje nas mãos dos ortodoxos, com a benevolência do próprio Estado. É que, das 2500 igrejas confiscadas, só 160 foram devolvidas.

Já há 20 anos, quando João Paulo II veio a Bucareste, esta questão era melindrosa, mas isso não impediu o Papa polaco de manifestar o seu apreço ao então patriarca Teoctist, deixando-lhe um generoso contributo de 200 mil dólares para a construção da futura catedral ortodoxa, onde agora o Papa Francisco vai rezar. É uma enorme catedral que, no entanto, ainda não está pronta, tal como, de resto, acontece com a lenta construção da unidade tão desejada e sofrida entre os cristãos.