O helicóptero que caiu no rio Douro na passada sexta-feira, matando cinco militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), desviou-se de "uma ave de médio porte" durante a descida para a base de Armamar, mas os motivos da queda na água ainda estão por determinar. As primeiras conclusões da investigação do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) apontam que a "violenta colisão com a água" foi "incompatível" com a sobrevivência dos ocupantes do helicóptero, que estava autorizado a voar.
Segundo a nota preliminar divulgada esta terça-feira, o GPIAAF declara que o helicóptero "iniciou uma descida constante" quando regressava à base de Armamar, sobrevoando "a margem esquerda (sul) do Rio Douro em direção à cidade de Peso da Régua". O helicóptero fazia o voo de regresso "após avaliação do cenário" do incêndio florestal na localidade de Fojo, em Baião, "pelo chefe de equipa da UEPS a bordo", que decidiu o regresso "por não se justificar o emprego dos meios num incêndio com o perímetro já circunscrito".
"No decurso dessa descida, segundo as declarações do piloto, este terá observado uma ave de médio porte à mesma altitude e na trajetória do helicóptero", relata o GPIAAF, obrigando o piloto "a executar um desvio à direita, retomando a rota logo de seguida".
O gabinete de investigação declara que "não foi possível determinar de forma independente o ponto de execução da manobra" com os "dados recolhidos até ao momento". O helicóptero colidiu pelas 11h32 "com a superfície da água com uma velocidade em torno dos 100 nós (185 km/h) por motivos a determinar".
Segundo o GPIAAF, durante o embate no rio Douro, "o piloto, sentado à direita, e o ocupante da cadeira esquerda do cockpit foram projetados para fora da aeronave". O piloto foi o único sobrevivente, sendo resgatado por uma embarcação que passava na área na altura do acidente.
Impacto na água "incompatível com a sobrevivência"
O comandante da Polícia Marítima do Norte, Rui Silva Lampreia, já tinha declarado, no passado sábado, depois da recuperação dos primeiros destroços do helicóptero, que a "violência do impacto foi bastante forte". As primeiras conclusões do gabinete de investigação indicam o mesmo.
"Da violenta colisão com a água, o helicóptero sofreu uma deformação da cabine incompatível com a sobrevivência dos seus ocupantes. A integridade estrutural ficou comprometida", diz o GPIAAF.
As buscas por peças do helicóptero que caiu nas proximidades do Peso da Régua foram concluídas esta terça-feira. O comandante Rui Silva Lampreia, disse aos jornalistas que "foram recuperados todos os elementos que foi possível retirar do fundo do rio", faltando recuperar um "display". O GPIAAF diz, na nota informativa publicada esta terça-feira, que há "componentes do painel de instrumentos da aeronave" por recolher devido a "dificuldades na sua localização".
O relatório aponta quatro "constatações relevantes" à investigação. Tanto o piloto estava "devidamente autorizado e certificado para realizar o voo" como a aeronave estava "autorizada a voar", como a meteorologia "estava propícia à realização do voo descrito", com um "vento de Norte com fraca intensidade".
O GPIAAF afirma ainda que "as evidências sugerem que o motor da aeronave estava a produzir potência no momento da colisão".
O organismo público vai continuar a investigação, segundo a nota informativa, ao estudar "o planeamento e procedimentos operacionais do voo", o "treino, preparação e experiência do piloto" e a "dinâmica do voo para avaliar as condições da colisão", e realizar uma "análise dos componentes críticos da aeronave" e as "limitações e funcionamento" da mesma.
[notícia atualizada às 19h07]