Morais Sarmento. Passos tem que prestar contas pela “casa que entrega” em 2017
27-09-2017 - 10:03
 • José Pedro Frazão

O social-democrata acredita que os portugueses vão fazer um balanço positivo da governação, reforçando agora nas urnas a legitimidade do executivo de António Costa. Morais Sarmento renova farpas à direcção de Passos Coelho e aponta já ao Congresso depois das autárquicas.


É mais um exercício de pressão alta de um dos críticos sobre a direcção do PSD a poucos dias das eleições autárquicas. Nuno Morais Sarmento quer que Passos Coelho seja “julgado” pela comparação destas autárquicas com os resultados das legislativas de 2011.

“Muitos dentro do PSD dizem que o resultado [das últimas autárquicas] já foi mau e pior não vai ser. Não. Não são os resultados de 2013 que me interessam. Pedro Passos Coelho tem que prestar contas da casa que recebeu e da casa que entrega”, afirma o antigo ministro social-democrata no programa “Falar Claro” da Renascença.

O advogado que recentemente encabeçou uma lista à Assembleia Distrital de Lisboa do PSD ataca o discurso de Passos Coelho e admite que as autárquicas podem alterar um quadro político em que o PSD está amarrado a uma “camisa de forças que a história colocou à volta do partido”.

“A primeira, a segunda e a terceira prioridades eram só manter uma linha económica e orçamental tão rigidamente igual à que vinha de trás que se dela nos afastarmos caímos no abismo e como nos afastámos vamos cair no abismo. Na minha opinião, o PSD é um partido de futuro e não de passado. Na história de Portugal, o PSD nunca foi um partido do “não”, o PSD é um partido do “sim”, de fazer, de acreditar, de sonhar, de lutar “, contrapõe o comentador social-democrata.

Sarmento aponta a Congresso

Sobre as consequências de um eventual desaire eleitoral do seu partido no próximo domingo, Sarmento prefere insistir numa reflexão que vai desembocar no próximo Congresso do PSD.

“No dia a seguir às eleições começa um processo natural de reflexão sobre os resultados. Considerando que o PSD tem um congresso, é evidente que a reflexão que se inicia no dia a seguir às eleições vai ter um espaço principal que é esse congresso para as conclusões dessas reflexão, que dependem completamente do resultado”, argumenta o comentador social-democrata que rejeita o aparecimento nos próximos dias de uma candidatura alternativa à liderança do partido.

“Normalmente o PS abate os líderes na noite das eleições ou tendem a fazê-lo. No PSD isso não vai acontecer. Luis Marques Mendes fez isso? Tende a copiar alguns maus exemplos do PS nesse aspecto e Pedro Passos Coelho fez parecido. Esse é um PSD em que não me revejo. Gostava que Pedro Passos Coelho pudesse rever aquilo que disse na noite das eleições [de 2009] a Manuela Ferreira Leite para perceber o que hoje lhe pode ser dito”, insiste Morais Sarmento.

Governo vai passar o teste

O comentador social-democrata considera que, ao contrário de outras eleições autárquicas, o dia 1 de Outubro trará “uma reforçada intenção nacional no voto dos portugueses”.

“Os portugueses vão pela primeira vez poder dizer se acham que esta solução de Governo foi legitima ou ilegítima, resultou ou não resultou. É um “referendo” à existência do Governo quando normalmente é ao desempenho do Governo, porque a existência já não se colocaria nesta altura. Só que pela primeira vez temos um Governo sobre o qual os portugueses não puderam ainda exercer a sua opinião. Vão expressá-la agora”, analisa o antigo ministro de Durão Barroso.

Numa antecipação aos resultados de domingo, Nuno Morais Sarmento aguarda boas noticias para António Costa no balanço que os eleitores vão fazer da existência desta fórmula governativa.

“O balanço dita positivo. Volvido um ano e meio, quanto à existência do Governo e da coligação - não é o seu desempenho - o Governo vai passar o teste. Os portugueses assustaram-se nos primeiros seis meses mas o Governo vai sair destas eleições com condições de suporte eleitoral diferentes daquelas que tinha até aqui”, remata o antigo governante do PSD.