​Gradualismo na transição
13-08-2021 - 06:30

A recuperação económica geral que começou na primavera continua em bom ritmo no verão

Apesar das dificuldades que o turismo (em particular o estrangeiro) e a restauração continuam a atravessar, a recuperação económica geral que começou na primavera continua em bom ritmo no verão - pelo menos se fizermos fé nos indicadores que estão neste momento disponíveis.

Se não houver mais surpresas desagradáveis no que se refere à pandemia (por exemplo, o aparecimento de novas variantes que possam furtar-se à imunidade fornecida pelas vacinas), podemos esperar que as consequências económicas mais imediatas da COVID-19 possam ser ultrapassadas ainda durante o corrente ano.

Mas nem por isso entraremos num período de evolução “normal” da economia. Porque as consequências indirectas da doença, ou seja, as resultantes das medidas de emergência que foram sendo tomadas para sustentar a economia, o emprego e a situação financeira das famílias muito endividadas, vão ter que ser descontinuadas e se não houver cuidado na forma de desenvolver esse processo poderemos ter consequências sociais muito gravosas que serão certamente pioradas pelo stress que a pandemia trouxe à nossa sociedade.

Não há dificuldades técnicas na descontinuação das medidas, sejam subsídios, sejam moratórias ou outros quaisquer apoios e existe capacidade financeira para a fazer sensatamente. A dificuldade poderá estar a nível político se não houver bom-senso para proceder de forma gradual e - atrevo-me a dizê-lo - com pinças. Aqui, como em outras situações, pressa excessiva em fazer a transição para uma situação ”normal” poderá pelo contrário afastar-nos dela e precipitar uma crise social grave.