O “Presidente de todos” ainda não chegou a alguns
09-03-2021 - 06:00
 • Eunice Lourenço , Inês Braga Sampaio *

No discurso de posse do primeiro mandato, Marcelo Rebelo de Sousa disse que seria o Presidente de todos, mas elencou algumas classes sociais e profissionais que iria privilegiar. A Renascença foi à procura de alguns para fazer o balanço e lançar expectativas para o segundo mandato.

Inês Moutinho acha que o Presidente ainda pode fazer mais pelas mulheres e pelos seus direitos, o empresário Jorge Santos considera que Marcelo não exerceu a sua influência como devia e pede-lhe reflexão, o professor Silvério Rocha e Cunha prevê que o segundo mandato “será necessariamente mais interventivo”.

São três dos 14 testemunhos recolhidos pela Renascença sobre o primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa e sobre as expectativas para o segundo mandato, que começa esta terça-feira.

No discurso de há cinco anos, Marcelo Rebelo de Sousa disse que politicamente não seria a favor nem contra ninguém, mas que “socialmente” seria a favor de muitos. E elencou várias classes sociais e profissionais. Foi a esses que o Chefe de Estado disse que iria defender que a Renascença foi perguntar se Marcelo foi de facto o seu Presidente e quais as suas expectativas para o segundo mandato.

O balanço é na grande maioria positivo. Salientam a proximidade e humanidade do Presidente, elogiam os afetos. Mas muitos esperam mais, como Idalina Marques, dona de uma gelataria, que quer mais apoios para o comércio ou como Manuel Vieira, ferroviário reformado, que quer que Marcelo coloque Portugal como um dos principais países da Europa e do mundo

Mesmo que, por vezes, o mais que esperam não seja competência do Chefe do Estado, é para Belém que se voltam sempre os olhos como última instância da influência. Porque, como diz a editora Cristina Ovídio: “Marcelo não pode voar sozinho, terá de ser agente dessa vontade e isso implica também juntar vontades políticas”.

“Um Presidente que não é nem a favor nem contra ninguém. Assim será politicamente, do princípio ao fim do seu mandato.

Mas, socialmente, a favor do jovem que quer exercitar as suas qualificações e, debalde, procura emprego.

Da mulher que espera ver mais reconhecido o seu papel num mundo ainda tão desigual.

Do pensionista ou reformado que sonhou, há 30 ou 40 anos, com um 25 de Abril que não corresponde ao seu atual horizonte de vida.

Do cientista à procura de incentivos sempre adiados.

Do agricultor, do comerciante, do industrial, que, dia a dia, sobrevive ao mundo de obstáculos que o rodeiam.

Do trabalhador por conta de outrem ou independente, que paga os impostos que vão sustentando muito dos sistemas que legitimamente protegem os que mais sofrem no nosso Estado Social.

Do novo e ousado talento que vai mudando a nossa sociedade e a nossa economia.

Da IPSS, da Misericórdia, da instituição mais próxima das pessoas – nas Regiões Autónomas e nas Autarquias –, que cuida de muitos, de quem ninguém mais pode cuidar melhor.

Do que, no interior ainda distante, nas Ilhas, às vezes esquecidas, nas Comunidades que povoam o mundo, é permanente retrato da nossa tenacidade como Nação.

De todos estes e de muitos mais.

O Presidente da República é o Presidente de todos.”


*(depoimentos recolhidos por Liliana Carona, Rosário Silva, Teresa Paula Costa, Vitor Mesquita, Olimpia Mairos e Maria João Costa)