PCP acusado de riscar livro de Luaty da Festa do Avante
24-08-2018 - 18:25
 • João Carlos Malta

Acusação é da responsável editorial da Tinta da China, Bárbara Bullhosa, através das redes sociais. "É uma tristeza verificar que para o PCP os presos políticos continuam a ter nacionalidade", escreve no Facebook.

O PCP não vai permitir que se venda o livro de Luaty Beirão "Sou Eu Mais Livre, Então – Diário de um Preso Político Angolano" na Festa do Avante. A informação é dada pela fundadora e editora da Tinta da China, Bárbara Bulhosa. Os comunistas falam de manobras difamatórias de quem se move "pelo preconceito e o mais primário anticomunismo".

Na conta pessoal do Facebook, na tarde de sexta-feira, a editora escreve que acabou de saber que da "lista de livros que selecionámos para estarem na Festa do Avante foi retirado o diário de prisão do Luaty Beirão".

O PCP justificou-se, segundo Bulhosa, com o incómodo que o facto iria causar "aos camaradas do MPLA".

Bárbara Bulhosa acaba a mensagem na rede social a dizer que "é uma tristeza verificar que para o PCP os presos políticos continuam a ter nacionalidade, e que os que interessam são só os nossos, durante o Estado Novo."

Em resposta por escrito à Renascença, o PCP esclarece que "a “Festa do Livro” que marca presença na Festa do Avante! é da responsabilidade da editora Página a Página que assume os seus próprios critérios e opções editoriais quer quanto às editoras convidadas quer quanto aos títulos à venda."

"Pela expressão e reconhecimento que o espaço granjeou ao longo de quatro décadas, expôs milhares de títulos, de largas dezenas de editoras, é natural que a editora responsável observe critérios seus de qualidade e seriedade nos títulos que põe à disposição dos visitantes", acrescentam os comunistas.

O PCP afirma ainda que "rejeita operações difamatórias vindas de quem sem crédito se move pelo preconceito e o mais primário anticomunismo."

A Página a Página – Divulgação do Livro, SA é uma empresa constituída em 27 de Março de 2009, como se lê no site da editora, e que deu continuidade à editora Caminho, que publicava o prémio Nobel José Saramago.

Numa entrevista dada à Renascença, em Dezembro de 2016, para promover a publicação de "Sou Eu Mais Livre, Então – Diário de um Preso Político Angolano", o ativista afirmava acreditar na força que Portugal poderia ter na mudança que acredita ser necessária em Angola. Mas já na altura deixava críticas ao fechar de olhos do poder político e económico português, “amordaçado" face ao que se passa na antiga colónia.