Hospitais privados e SNS estão em contacto para libertar camas, revela Marcelo
15-10-2020 - 17:39
 • Lusa e redação

Há "pressão nos internados" e "pressão nos cuidados intensivos" nos hospitais públicos, ainda que não se verifique para já uma situação de stress no Sistema Nacional de Saúde, diz o Presidente da República.

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O Presidente da República revelou esta quinta-feira a existência de contactos para a colaboração do setor privado com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) com o objetivo de libertar camas de cuidados intensivos para doentes com Covid-19.

"Sabemos que, se houver um agravamento da situação, já há contactos que permitem a colaboração de outros setores, nomeadamente privado e social, mas privado em particular, com o SNS em termos de internamento e de cuidados intensivos, quer quanto a doentes Covid quer quanto a doentes não-Covid, libertando portanto camas e estruturas de cuidados intensivos para doentes Covid", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado falava em resposta aos jornalistas, no final de uma iniciativa no Museu da Eletricidade em Lisboa, a propósito das medidas mais recentes anunciadas pelo Governo para combater a propagação da Covid-19, ao abrigo da situação de calamidade declarada em todo o território nacional.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a subida do número de infetados pelo novo coronavírus provocou "pressão nos internados" e "pressão nos cuidados intensivos" nos hospitais públicos, mas neste momento ainda não se verifica uma "situação de stresse que permita antever uma rutura no SNS e no sistema de saúde em geral".

"Percebo a atitude do senhor bastonário da Ordem dos Médicos e de alguns antigos bastonários preocupados com aquilo que eu entendo que é fundamental que os portugueses tenham a certeza de que existe, que é a capacidade de resposta do SNS e do sistema nacional de saúde em geral", disse.

Mais à frente, a este propósito, acrescentou: "O que me foi dito é que há condições para alargar os recursos disponíveis no quadro do SNS ou com o contributo nomeadamente do setor privado no quadro do sistema nacional de saúde em geral, que existem e que serão utilizados e disponibilizados à medida das necessidades".

Ontem, em declarações à Renascença, o presidente da Associação Portuguesa de Hospitais Privados repetiu que o setor está "disponível" para apoiar o público, nomeadamente libertando os hospitais do SNS para os casos Covid-19, mas adiantou que o Ministério da Saúde ainda não tinha iniciado contactos nesse sentido.

"Não estamos a falar de coisa pouca. Hoje há capacidade desaproveitada e nós o que temos dito ao Ministério da Saúde é, se e quando assim o entenderem, nós estamos disponíveis para colaborar e para receber e tratar mais doentes, nomeadamente os não-Covid, que precisarem de cuidados", indicou Óscar Gaspar.

O responsável também teceu críticas ao não-recurso aos privados pelo SNS no primeiro pico da pandemia, o que, na sua opinião, contribuiu para um aumento da mortalidade em Portugal nos meses de março, abril e maio.

Ainda no que respeita à capacidade do SNS, o Presidente da República considerou que o debate da proposta de Orçamento do Estado para 2021 que o Governo entregou no parlamento na segunda-feira "é uma boa ocasião para se debater o orçamento para o ano que vem também no domínio da saúde.

"É uma boa ocasião, faz sentido. Faz ainda mais sentido porque está nas mãos dos senhores deputados decidir sobre uma matéria que é sensível para um ano no qual pelo menos alguns meses serão meses ainda de pandemia", reforçou.

Quanto a um possível ainda maior agravamento da epidemia de covid-19 em Portugal, o Presidente da República referiu que "a situação de calamidade permite ir mais longe em medidas restritivas", como já aconteceu "em Lisboa, quanto a algumas freguesias".

A covid-19, doença provocada por um novo coronavírus detetado em dezembro do ano passado no centro da China, já provocou a morte de 2.128 pessoas em Portugal, onde no total foram contabilizados 93.294 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Hoje, registaram-se em Portugal 2.101 novos casos de infeção com o novo coronavírus, o valor diário mais elevado desde o início da pandemia, e onze mortes associadas à covid-19, segundo a DGS.