Presidência checa da UE dominada pelos efeitos da guerra na Ucrânia
06-07-2022 - 16:43
 • Vasco Gandra, correspondente da Renascença em Bruxelas

Perante "uma guerra ilegal no nosso continente, a presidência checa chega num ponto de viragem na história", disse a presidente do Parlamento Europeu.

O primeiro-ministro Petr Fiala apresentou esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, as prioridades da presidência checa do Conselho da UE para os próximos seis meses, com ênfase particular na necessidade de mitigar o impacto da guerra da Ucrânia para os cidadãos europeus.

A invasão russa da Ucrânia e os seus impactos vão condicionar o desenrolar da presidência checa do Conselho da UE e dominar a sua agenda durante o segundo semestre de 2022, tal como reconheceram muitos dos intervenientes do debate no plenário do Parlamento Europeu (PE).

No discurso de abertura, a presidente do Parlamento, Roberta Metsola, sublinhou que, perante "uma guerra ilegal no nosso continente, a presidência checa chega num ponto de viragem na história. Os próximos passos serão decisivos para o nosso futuro comum".

"Os cidadãos europeus esperam não ter falhas de energia no próximo inverno, não ter mais aumentos de preços e ter sempre comida suficiente na mesa", afirmou Petr Fiala, referindo-se às prioridades do seu país, em conferência de imprensa, após o debate com os eurodeputados.

A presidência checa definiu cinco prioridades para o semestre. A gestão da crise migratória - com milhões de refugiados ucranianos em vários Estados-membros da UE e de deslocados internos -, e a reconstrução pós guerra da Ucrânia aparecem no topo.

As autoridades ucranianas estimam que seja necessário mais de 750 mil milhões de dólares para reconstruir o país.

A presidência semestral quer dar também prioridade à segurança energética, por forma a precaver o próximo inverno, libertando a Europa da dependência energética em relação à Rússia.

Esta prioridade depende sobretudo da implementação do plano REPowerEU, apresentado pelo executivo comunitário, e que visa criar condições e financiamento para a poupança energética, a produção de energia limpa e a diversificação das fontes de aprovisionamento energético na UE.

Outro tema de eleição para a República Checa é a necessidade de reforçar as capacidades de defesa europeias e a segurança do ciberespaço.

Trata-se de implementar a chamada Bússola Estratégica - o plano de ação para reforçar a política de segurança e defesa da UE até 2030.

Entre outras medidas, pretende-se criar uma capacidade de projeção rápida da UE de até 5 000 militares para diferentes tipos de crises.

Com o choque da inflação a atingir muitos Estados-membros e os problemas no abastecimento dos mercados, Praga quer igualmente aumentar a resiliência estratégica da economia europeia e diminuir a dependência da Europa face a países autoritários ou instáveis, ao mesmo tempo que aprofunda os laços comerciais com países democráticos.

A democracia é outra prioridade, com a presidência checa a destacar a necessidade de aumentar a resiliência das instituições democráticas.