Lisboa grita liberdade para Angola
28-03-2016 - 22:27

Manifestantes exigem libertação imediata dos 17 activistas condenados pela justiça angolana.

Dezenas de pessoas estiveram ao final da tarde desta segunda-feira reunidas na Praça do Rossio, em Lisboa, em solidariedade com os activistas angolanos condenados em Luanda.

A iniciativa foi convocada através das redes sociais pela Organização LAPA – Liberdade aos Activistas Presos em Angola. Pedro Coquenão, membro da Lapa, confessou à Renascença não estar surpreendido com este desfecho.

Para a Praça do Rossio trouxeram uma faixa com as cores angolanas, onde se podia ler ‘Liberdade aos Presos Políticos’. “Já tínhamos este cartaz pintado há alguns dias, não que alguém goste de adivinhar a desgraça, mas porque já estávamos à espera”, disse Pedro Coquenão.

“Da forma como tudo correu, tudo indiciava que o desfecho seria algo deste tipo. A novidade ou o estranho aqui é que se confirma que não há excepção à regra. E isso é sempre um dia de assinalar. Mas eu vejo mais este dia como o primeiro dos dias que restam e não como o fechar de um círculo.”

A Amnistia Internacional (AI) também marcou presença no Rossio, em sinal de solidariedade com todos os presos políticos em Angola.

“Nós estamos aqui hoje para pedir a libertação imediata e incondicional dos activistas. Estamos em solidariedade com eles e com as suas famílias”, disse Ana Monteiro, coordenadora de campanhas da Amnistia Internacional em Portugal. “São perseguidos e presos apenas por terem uma voz crítica”, acrescentou.

Entre os manifestantes estiveram várias figuras públicas, entre as quais o escritor José Eduardo Agualusa, o antigo líder do Bloco de Esquerda Francisco Louçã e o humorista Ricardo Araújo Pereira.

O grupo de activistas conhecido por 15+2 foi esta segunda-feira condenado a penas entre os dois e os oito anos de prisão.

O luso-angolano Luaty Beirão, que esteve 36 dias em greve de fome, foi condenado a cinco anos e seis meses.

A defesa e o Ministério Público vão apresentar recurso destas condenações.

O Governo português toma “boa nota” da intenção da defesa dos 17 activistas angolanos de apresentar recurso e espera que os princípios fundadores do Estado de Direito sejam respeitados pelas autoridades de Luanda.