Carla Castro atira-se a Rocha: “Não aceitamos que nos digam quem deve ser o presidente”
21-01-2023 - 19:38
 • Tomás Anjinho Chagas

Candidata à liderança quer IL “sem barões” e pede mudança: “Caminhar já não basta”. Discurso aquece Convenção Nacional e arranca fortes aplausos.

Ambiente aquece no Centro de Congressos de Lisboa com a apresentação da moção de Carla Castro para a candidatura à liderança do partido.

Para dentro, Carla Castro até começou por ser dócil com os adversários: “Agradeço-te José Cardoso pelo teu espírito de iniciativa, pela tua capacidade e sentido crítico”.

Para o principal oponente, lembrou o laço que os une na bancada da Iniciativa Liberal do Parlamento: “Obrigada Rui Rocha, pela forma como estamos, e continuaremos a estar juntos a enfrentar socialistas na Assembleia da República”, assinalou.

Houve ainda tempo para um agradecimento a João Cotrim de Figueiredo- apoiante de Rui Rocha- que vive as últimas horas enquanto presidente da IL. “Os teus sucessos nunca, mas nunca, poderão ser apagados”, acarinhou.

Mas anestesiados os adversários, foi momento de premir o gatilho quando Carla Castro começou a falar no que quer para o partido. “Hoje abre-se um novo ciclo”, começou por dizer.

Se Rui Rocha diz ser a “renovação em continuidade”, Carla Castro alerta “aos que defendem a continuidade em toda a linha” que “caminhar já não basta”.

Em oposição à lista de Rui Rocha, que contou com o apoio de Cotrim de Figueiredo desde a primeira hora, Carla Castro quer uma liderança não dinástica: “Não somos paus mandados”, dispara.

“Um partido onde os membros são livres, onde não aceitamos que nos digam quem deve ser o presidente”, critica Carla Castro, numa flecha dirigida à lista de Rui Rocha e que arrancou o maior aplauso do dia e aqueceu o pavilhão do Centro de Congressos de Lisboa.

Pelo meio, teve tempo de lançar uma farpa ao PSD: “Quem simplesmente espera que o poder lhe caia nos pés, mais facilmente leva com os pés do que fica no poder”; e ao Chega, que classifica como “uma direita populista e errática”.

“Nós somos um partido de governo”, insiste Carla Castro, que mostra um caminho alternativo ao que é apresentado pela atual direção. “Uma Iniciativa Liberal para todos, unida dentro para vencer fora”, projeta.

“Para arrumarmos o país, precisamos de nos arrumar cá dentro”, atira. Carla Castro pede “transparência” dentro do partido e uma democracia “à prova de bala”.

O discurso começou com argumentos ideológicos, onde a deputada disse que o liberalismo “já foi um palavrão em Portugal”, e que a Iniciativa Liberal está longe do PS e PSD para quem o Estado é “o princípio e o fim” do ponto de vista económico.

Carla Castro diz querer “outra coisa” e aponta para um “país liberal”, onde o indivíduo “tenha o direito de se realizar, sem amarras, sem medos” na sua individualidade. A candidata quer um país que não tenha “o elevador social estragado”.