Jorge Coelho. “Nunca ninguém expressou tão bem a alma do povo socialista”, diz Costa
07-04-2021 - 20:16
 • Filipe d'Avillez

O primeiro-ministro falou da contribuição de Jorge Coelho para o país em geral, mas sublinhou sobretudo o seu papel na família socialista.

António Costa diz que “nunca ninguém expressou tão bem a alma do povo socialista como Jorge Coelho”.

Numa declaração feita esta quarta-feira à tarde a partir da sede do Partido Socialista, em Lisboa, o primeiro-ministro mostrou-se visivelmente chocado e triste com a morte de Jorge Coelho, dizendo que “os portugueses o recordarão como um cidadão dedicado ao seu país, que serviu com grande dignidade o Governo da República, que deixou há vinte anos, num momento trágico em que decidiu assumir pessoalmente a responsabilidade política por uma tragédia imensa”, referindo-se desta forma à tragédia de Entre-os-Rios.

Apesar de destacar os serviços prestados por Jorge Coelho ao país, António Costa quis sublinhar o seu papel no interior da família socialista. “Para todos nós socialistas é um momento particularmente doloroso, porque o Jorge Coelho não era só um camarada, era um amigo de todos nós e um amigo de todas as gerações do Partido Socialista.”

“Poucos foram aqueles que conseguiram exprimir tão bem a alma dos socialistas, dar a energia e a força, a capacidade de ação nos momentos mais difíceis que vivemos, mas também de serenidade e bom senso nos momentos de exaltação.”

“Jorge Coelho foi sempre um fator de unidade entre todos nós, naqueles momentos em que as divisões nos atravessaram e todos o recordaremos como aquele que sempre soube interpretar o sentimento do cidadão comum e dar expressão à alma do povo socialista”, afirmou.

“É por isso um amigo, um camarada, que todos perdemos e que iremos seguramente chorar, cada um por si, e é um luto sentido que não vamos seguramente poder expressar como gostaríamos neste momento em que a pandemia nos impõe contenção, mas encontraremos, passada esta situação, a devida forma de prestar homenagem àquele que era um dos mais queridos, se não o mais querido de todos nós.”

O primeiro-ministro recusou-se a aceitar perguntas dos jornalistas, dizendo estar ainda em estado de choque, mas terminou a sua intervenção recordando o papel desempenhado por Jorge Coelho nos anos 90 e nos governos de António Guterres.

“Naqueles anos duros da oposição nos anos 90 foi uma força da natureza que ajudou a reerguer o PS, foi uma espécie de braço direito de Guterres, serviu no Governo de forma exemplar, mas mesmo tendo-se afastado da primeira linha da atividade política, foi seguramente aquele que todos os socialistas sentiam como sendo o mais próximo de todos nós.”


“Tinha uma relação única com os militantes socialistas e nunca ninguém expressou tão bem a alma do povo socialista como Jorge Coelho”, concluiu.

Jorge Coelho morreu esta quarta-feira aos 66 anos de idade.