“American Idiot”. Green Day de novo no top em protesto contra Donald Trump
11-07-2018 - 10:00
 • Rui Barros

Os britânicos puseram uma música com 14 anos de novo no topo da lista das músicas mais ouvidas. Tudo para mandar uma mensagem ao Presidente dos Estados Unidos.

“American Idiot”, uma das faixas mais icónicas da banda de punk “Green Day”, está, 14 anos depois do seu lançamento, no top das músicas mais ouvidas no Reino Unido. Tudo porque uma intensa campanha virtual está a provocar um aumento do número de reproduções da música, num protesto contra o presidente norte-americano, Donald Trump, que visita o Reino Unido esta sexta-feira.

A campanha começou há mais de um mês, quando fãs da banda criaram a página “American Idiot For UK No.1 When Trump Visits" (American Idiot em Nº 1 no Reino Unido para a visita de Trump), na qual pediam a todos os fãs da banda para, entre a meia-noite de dia 6 e as 23:59 de dia 12 de Julho, comprarem a versão digital da música do álbum homónimo ou reproduzirem a música no YouTube e nos serviços de streaming como o Spotify.

E conseguiram mesmo. Os fãs da banda punk rock norte-americana composta por Billie Joe Armstrong (guitarrista e vocalista), Mike Dirnt (baixista e vocalista) e Tré Cool (baterista), “reviveram” a faixa lançada a 20 de setembro de 2004 e conseguiram que a música chegasse aos 20 primeiros lugares do top do Reino Unido.

De acordo com a entidade responsável por esta forma de medir a popularidade de uma música, a música está em 18º lugar, a menos de 4 mil vendas de entrar no top 10.

A faixa é também a música mais vendida na Amazon Music e Google Play, bem como a terceira mais tocada no iTunes neste país.

"Vamos dar-lhe as boas vindas que ele merece", escreveu um dos gestores da página por detrás do movimento. “Querem irritar Donald Trump e Nigel Farage esta semana? Simples. Façam download de "American Idiot" dos Green Day”, incentivam os ativistas numa das muitas publicações na página de Facebook.

Para além da página, também a hastag #MAIGA (Make American Idiot Great Again) está a ser utilizada para promover este protesto musical.

O sétimo álbum de estúdio da banda, "American Idiot", é um álbum conceptual e é apontado como um dos melhores exemplos da expressão cultural da desilusão e insatisfação dos jovens norte-americanos com a América de Bush. Na faixa homónima, que abre o disco, Billie Joe Armstrong apela ao povo americano “que não seja idiota”, nem uma “nação controlada pelos novos média”, naquilo que apelida de “era da informação histérica”.

Apesar de a letra da música procurar ser um retrato dos Estados Unidos no pós 11 de Setembro, os fãs têm visto paralelismos entre o aviso de Billie Joe em 2004 e a América de Trump em 2018.

“Não a Trump, não ao KKK, não à América fascista”

Sendo os Green Day uma das bandas de pop punk mais populares de sempre, os organizadores do protesto musical têm sido alvo de críticas por estarem a promover uma faixa de um álbum que foi seis vezes platina nos Estados Unidos e que vendeu mais de 20 milhões de cópias.

“Sim, nós sabemos que os Green Day já são milionários. Não, não precisas de te envolver. Não, não vamos escolher outra música”, responderam os organizadores do protesto através da página do Facebook.

A banda tem sido bastante ativa nas críticas ao Presidente dos Estados Unidos. O momento mais célebre foi a atuação da banda nos American Music Awards em 2016, quando a banda entoou, no meio do original “Bang Bang”, a frase “Não a Trump, não ao KKK, não à América fascista”, numa reformulação dos cânticos da banda punk M.D.C, que, nos anos 80, em “Born to Die”, cantavam “Não à guerra, não ao KKK, não à América Fascista”.

O cântico popularizou-se e até já serviu como forma de interromper a audiência do Procurador-Geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, perante o senado.

Protestos criativos para receber Trump

Ter “American Idiot” no top musical não será a única forma de protesto de Donald Trump enfrentará nesta viagem a Londres.

Um balão gigante em forma de Donald Trump vai pairar sobre o parlamento britânico quando o presidente dos Estados Unidos visitar o país, a 13 de Julho.

A luz verde foi dada pelo presidente da câmara local, Sadiq Khan, que "apoia o direito ao protesto pacífico e compreende que ele pode assumir formas diversas", disse um porta-voz da edilidade. Só não é certo que o alvo do protesto veja bebé insuflável feito à sua imagem.


Segundo o “The Guardian”, as autoridades estão a organizar uma das maiores operações policiais desde os tumultos de 2011. Donald Trump aterrará no aeroporto de Stansted, estando previsto um encontro com Theresa May e a Rainha Isabel II.

A visita acontece num momento em que o Reino Unido atravessa uma crise política, depois de vários membros do governo de Theresa May, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, terem pedido a demissão contra o plano da primeira-ministra britânica para por em prática a saída do país da União Europeia.

Antes da visita ao Reino Unido, Trump marcará presença na cimeira da NATO, em Bruxelas, seguindo depois para Helsínquia, onde se encontrará com o presidente russo, Vladimir Putin.