Como funciona uma investigação da Amnistia Internacional?
04-04-2022 - 19:10
 • Hugo Monteiro com Renascença

Esta segunda-feira, através das redes sociais, Ursula Von der Leyen confirma uma investigação conjunta com a Ucrânia para recolher provas e investigar crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Em declarações à Renascença, Ana Farias explica como se desenrola o processo de investigação num caso como o da cidade de Bucha.

Desde os primeiros dias de conflito na Ucrânia que as entidades internacionais alertavam para a probabilidade de decorrerem crimes de guerra, durante a invasão russa.

Mariupol e Bucha têm sido os locais de maior preocupação humanitária, ao longo deste mais de um mês de guerra.

Esta segunda-feira, através das redes sociais, Ursula Von der Leyen confirma uma investigação conjunta com a Ucrânia para recolher provas e investigar crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

É uma investigação que a Amnistia Internacional saúda e que, diz, vem isolar ainda mais a Rússia. Ana Farias, da secção portuguesa da organização, sublinha, à Renascença, a importância de preservar as provas.

"Esta informação dá força à investigação que já está a decorrer pelo Tribunal Penal Internacional. Saber que existe essa iniciativa isola mais a Rússia", aponta.

A Aministia diz ainda não ter dúvidas de que o cenário de Bucha se repete em outros locais da Ucrânia.

Nestas declarações à Renascença, Ana Farias explica como se desenrola o processo de investigação num caso como este. Dá, para isso, o exemplo das investigações das equipas da própria Aministia Internacional.

"É uma equipa multidisciplinar, com recolha de material audiovisual, como, por exemplo, imagens de satélite, destroços de armas, registos de vídeo, fotografias e diferentes tipos de provas, como fragmento das bombas", indica.

A responsável da Amnistia Internacional Portugal refere que as equipas da organização conseguem "perceber que tipo de bomba foi utilizada num terreno e qual a sua origem, através do percurso de venda".

"E, sempre que possível, com o apoio de entrevistas ou testemunhos oculares", acrescenta.

Ana Faria afirma que as equipas são compostas por "investigadores de código aberto, peritos em deteção remota, analistas de armamento, cientistas de dados, programadores, investigadores digitais", entre outros. São um grupo "com conhecimento tecnológico suficiente" para proceder a uma investigação no terreno e remotamente.

E também é necessário vários métodos como a cronolocalização - "confirmação de onde e quando um vídeo ou foto foi registado" -, a deteção remota - "uso de imagens satélite e outros sensores para procurar por sinais em locais em que sabemos que houve ataques" - e uma visão panorâmica da área, para identificar potenciais alvos.