MAI abre inquérito a fuga de migrantes de quartel. Infetado com Covid-19 ainda a monte
01-10-2020 - 15:10
 • Celso Paiva Sol

Capturados nove dos 17 migrantes que fugiram em Tavira. As autoridades apertam fiscalização da fronteira terrestre de Castro Marim e governo abre inquérito para investigar a fuga.

Uma parte do grupo de 24 marroquinos que estava alojado no quartel do exército em Tavira fugiu durante a madrugada desta quinta-feira. Ao que a Renascença apurou junto de fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), 17 homens escaparam das instalações militares, sendo que um deles está infetado com Covid-19. O Governo abriu um inquérito.

Neste momento, a Renascença sabe que as autoridades já conseguiram capturar nove homens. Entre estes não está o homem infetado com o novo coronavírus.

"Foram acionados no terreno todos os mecanismos necessários para localizar os cidadãos em causa, em articulação com os restantes órgãos de polícia criminal nacionais e espanhóis", lê-se na nota do SEF enviada às redações.

A Renascença sabe que entre as diligências em curso, um pouco por todo o Algarve, incluiu-se a fiscalização mais apertada da fronteira terrestre de Castro Marim que está a ser feita pelo SEF, pela GNR, e pela Guardia Civil espanhola.

O porta-voz da PSP já explicou em que circunstâncias foi detetado o grupo de marroquinos.

"A PSP dentro do patrulhamento normal que estava a executar na cidade de Tavira, por volta das 2 da manhã, detetou um grupo com um comportamento um pouco suspeito junto às instalações ferroviárias de Tavira. Abordámos o grupo e percebemos que poderia tratar-se de migrantes que estavam à guarda do SEF no quartel. Conseguimos deter duas dessas pessoas, o resto do grupo, perante a abordagem da PSP, rapidamente se pôs em fuga", descreve o Intendente Nuno Caronha.


Governo abre inquérito

Em nota enviada ás redações, o Ministério da Administração Interna informa que "determinou à Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) a instauração de um processo de inquérito" sobre a fuga destes dezassete cidadãos estrangeiros.

"O inquérito destina-se ao apuramento das circunstâncias da referida fuga e de eventuais responsabilidades disciplinares de elementos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e da Polícia de Segurança Pública", lê na mesma nota.

Também questionado pela Renascença, o Exército rejeita responsabilidades na fuga dos migrantes. De acordo com a porta-voz Tenente Coronel Ana Silva, a segurança dos migrantes é da responsabilidade do SEF.

Em causa está o último grupo que chegou à costa algarvia a bordo de uma pequena embarcação, no dia 15 de setembro.

Dos 28 cidadãos marroquinos que desembarcaram na Ilha deserta, 24 homens foram instalados no Quartel de Tavira, três mulheres foram instaladas na Unidade Habitacional de Santo António, no Porto, e o menor foi entregue ao Tribunal de Família e Menores de Faro.

[notícia atualizada às 17h59]