​"A dureza da morte de D. Anacleto obriga-nos a retomar a sua missão", diz arcebispo de Braga
22-09-2020 - 18:51
 • Inês Rocha , Henrique Cunha

Na missa exequial do bispo de Viana do Castelo, D. Jorge Ortiga pediu à Igreja que "retome a missão" de D. Anacleto, e que a "radicalidade" do seu serviço seja "um verdadeiro testamento" para os fiéis.

D. Anacleto Oliveira "deu-se por completo, mas há muito por fazer na Igreja e no Mundo". Foi esta a mensagem deixada pelo arcebispo primaz de Braga, D. Jorge Ortiga, na missa exequial que celebrou Sé de Viana.

Na cerimónia em memória do bispo de Viana do Castelo, que morreu na última sexta-feira, num despiste de automóvel, estiveram presentes o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, membros da Conferência Episcopal Portuguesa e da diocese de Viana do Castelo, além de autoridades locais.

D. Jorge Ortiga afirmou que a "dureza" da morte de D. Anacleto, "inesperada e dolorosa, obriga-nos agora a retomar a missão onde ele a deixou".

"Falar de serviço é uma novidade que causa estranheza a muitos, mas é com esta radicalidade que mostramos que o Evangelho mantém uma novidade permanente. Este lema pode ser para nós, que conhecemos D. Anacleto, e particularmente para todos os cristãos da diocese de Viana do Castelo, um verdadeiro testamento", afirmou o arcebispo primaz de Braga.

D. Jorge Ortiga salientou duas palavras que devem traduzir a missão da Igreja em tempo de pandemia: "solidariedade e solicitude".

"A crise sanitária e social apenas pode ser ultrapassada pelo exercício da solidariedade efetiva, que se torna visível através de gestos e atenções de solicitude muito concreta", lembrou.

Para isso, as comunidades devem ter um papel ativo. "Terão de ser cada vez mais misericordiosas, compassivas, interventivas, solícitas, generosas, inclusivas, proativas no amor".

A Igreja necessita de se converter ao Evangelho, porque não basta um anúncio superficial da palavra, disse D. Jorge Ortiga.


“A Igreja necessita de se converter ao Evangelho, hoje mais do que nunca, compreendendo esse Evangelho na sua autenticidade e, sobretudo, vivendo-o, no anúncio e na transparência. O Papa Francisco fala de transbordamento, deixar-se possuir pela palavra para a colocar no mundo como semente”, declarou o arcebispo de Braga.

A urna com os restos mortais do bispo de Viana do Castelo ficou, ao fim da tarde, na Sé de Viana do Castelo, onde vários fiéis vieram prestar uma última homenagem.

Amanhã, quarta-feira, segue para Leiria, onde será celebrada nova missa exequial e será sepultado no cemitério de Cordes, terra onde D. Anacleto nasceu.