Pessoas na rua com testes e máscaras? “Fosse assim tão simples!”
12-04-2020 - 13:40
 • Filipe d'Avillez

Marta Temido responde desta forma ao ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que, em entrevista, sugeriu um regresso à atividade normal para não paralisar mais tempo a economia.

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A ministra da Saúde, Marta Temido, descartou neste domingo a possibilidade de um regresso à normalidade, fazendo testes às pessoas e dando-lhes máscaras para que se possa abandonar o isolamento social e descongelar a economia.

A sugestão foi feita pelo antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, numa entrevista ao “Diário de Notícias”.

Na conferência de imprensa de apresentação dos números diários da pandemia em Portugal, e confrontada com estas declarações pela Renascença, Marta Temido rejeitou a ideia e classificou-a como simplista.

“Fosse assim tão simples como pôr toda a gente na rua com teste e máscara”, disse Marta Temido.

“Infelizmente, é bastante mais complicado. Como se sabe, um teste negativo hoje não garante um teste negativo amanhã e o uso da máscara só tem alguma eficácia quando utilizada em combinação com outras medidas, desde logo o isolamento social e higienização geral”, explicou.

A ministra deixa claro que o Governo e o Ministério da Saúde têm noção da importância de equilibrar diferentes valores na abordagem ao coronavírus e que é nesse equilíbrio que tentam tomar as decisões “que são boas para os portugueses”.

“O Ministério da Saúde há muitos dias que sabe que há valores que precisam de ser equilibrados: o valor da vida em sociedade – com o impacto em termos de saúde mental – o funcionamento da economia, indústria, comércio, escolas e o que isso significa em termos de saúde mental e riqueza para o país e a necessidade de algumas medidas de contenção que, como o primeiro-ministro tem dito, têm de ser na estrita medida do necessário, não para além daquilo que temos de proteger”, apontou a ministra.

“É neste equilíbrio que temos trabalhado e vamos continuar a trabalhar”, garantiu, acrescentando que “outros países que optaram por abordagens radicais não tiveram os resultados que pretendiam e tiveram de fazer correções.”

Segundo os dados da DGS, entre as 12h de sábado e as 12h de domingo morreram em Portugal mais 34 pessoas, elevando o total de mortos para 504 e confirmando a tendência de planalto que se tem verificado ao longo dos últimos dias.