O Paquistão enforcou esta madrugada o homem que em 2011 matou o governador do distrito de Punjab, Salman Taseer, de quem era guarda-costas.

Taseer foi assassinado por ter criticado a controversa lei da blasfémia que todos os anos leva dezenas de pessoas à cadeia e é frequentemente usada contra membros de minorias religiosas.

O governador tinha-se referido em particular ao caso de Asia Bibi, uma cristã, casada e mãe de família, que foi condenada à morte por alegadamente ter criticado o Islão, depois de se ter envolvido numa discussão com colegas de trabalho, que não queriam deixá-la beber do mesmo copo que elas por ser cristã.

Num tweet, Taseer disse que estava sob forte pressão para deixar de falar do caso e de criticar a lei da blasfémia, mas que tinha recusado ceder: "Nem que seja o último de pé", escreveu. Bibi continua detida após sucessivos recursos, continuando a campanha para a tentar libertar.

Mumtaz Qadri foi condenado a duas penas de morte, uma por homicídio e outra por terrorismo, mas nunca se mostrou arrependido do seu crime, tendo sido aliás tratado como um herói por fundamentalistas islâmicos. Ficou famoso um episódio em que, ao chegar ao tribunal nos dias a seguir ao crime, um grupo de advogados islâmicos lhe lançou pétalas de rosa em sinal de admiração.

Segundo o seu advogado, Ghulam Mustafa Chaudhry, Qadri terá dito: “Mesmo se Allah me desse 50 milhões de vidas, sacrificá-las-ia a todas”.

Cinco anos depois do crime, Qadri continua a ser visto como um herói por muitos paquistaneses. Quando foi divulgada a notícia da sua execução manifestantes saíram à rua para protestar e bloquearam uma auto-estrada. A polícia repôs a normalidade, mas o advogado Chaudhry diz que os protestos vão piorar, esperando-se manifestações na terça-feira, quando for o enterro.