O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está pior e o Governo está em modo “campanha eleitoral”, afirmam os partidos da oposição em reação ao discurso do primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, na Festa do Pontal, a rentrée social-democrata.
Num balanço de quatro meses de Governo, Montenegro considera que ainda há muito para fazer, mas a Saúde está melhor em relação ao ano passado.
Na resposta, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, acusa o atual executivo da AD de ter agravado o estado do SNS.
“É uma falácia dizer que o PS pede ao Governo para resolver problemas em três ou quatro meses. O problema é piorarem a situação. Este é que é o grande problema da Saúde e do SNS em Portugal. Não é resolver nem sequer começar a resolver”, disse a deputada socialista, em declarações aos jornalistas no Parlamento.
“É factual que o SNS está pior. O PS fez esta previsão. Quando se abandona, sem avaliação, só porque sim, uma reforma que estava em curso, é evidente que vamos cair numa situação bem pior”, acusa Alexandra Leitão.
Patrícia Carvalho, do Chega, ouviu o discurso de Montenegro na Festa do Pontal e conclui que o Governo está em campanha eleitoral.
“Este Governo já desistiu de governar e encontra-se em campanha eleitoral. Mais uma vez, o primeiro-ministro fez aquilo que este Governo nos habituou nos últimos meses, que é anunciar medidas, contudo, as medidas anunciadas nos meses anteriores não foram ainda concretizadas”, sublinha.
A líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL), Mariana Leitão, também faz um diagnóstico negativo da ação do Governo em matéria de Saúde.
“Luís Montenegro voltou a afirmar que a Saúde este ano está melhor do que no ano passado. O que consideramos ser manifestamente uma afirmação errada. Este ano há menos probabilidade, as grávidas têm que telefonar para a Linha SNS Grávidas para saberem exatamente para onde é que se podem dirigir”, lamenta Mariana Leitão.
Pelo Bloco de Esquerda (BE), Fabian Figueiredo acusa o primeiro-ministro de ignorar os problemas do país.
“Não consegue tirar os olhos do espelho e ignora a realidade do país. Tivemos este verão um dos piores no Serviço Nacional de Saúde, tivemos mais de 40% de urgências fechadas em relação ao ano anterior e um aumento de 300% do congestionamento nas urgências. Faltou diálogo, estratégia e planeamento. O Governo optou pelo caos e pela confusão”, afirma o líder parlamentar do BE.
Jorge Pinto, do Livre, reivindica a medida do passe nacional ferroviário, anunciada esta quarta-feira por Luís Montenegro.
“Montenegro falou de um passe ferroviário nacional que já existe, por iniciativa do Livre, e o alargamento para aquilo que Luís Montenegro agora apresentou já tinha sido aprovado para o Orçamento de 2024, também por iniciativa do Livre.”
O deputado do Livre diz que o primeiro-ministro “também falou muito de alterações e de políticas estruturais” para Portugal, mas considera que “é precisamente nisso que este Governo falha”.
Manuel Rodrigues, do PCP, considera que no discurso de Luís Montenegro faltaram soluções concretas para os problemas do país.
“Quem tinha ilusões relativamente à política desenvolvida pelo Governo, quer naquilo que já foi concretizado quer naquilo que foi perspetivado na sua intervenção, fica completamente desenganado. O que se esperava e a situação dos portugueses exige é respostas imediatas aos problemas concretos”, sublinhou Manuel Rodrigues.
Em declarações à RTP, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, critica o Governo por apresentar pacotes de medidas que não saem do papel.
“É falacioso, é estar a enganar os portugueses e para quem disse tantas vezes que os portugueses não são estúpidos e que está a trabalhar para resolver os problemas, a verdade é que não pode continuadamente apresentar pacotes com dezenas de medidas, a apresentar ideias que não saem do papel”, afirma Sousa Real.
Paulo Núncio, do CDS, parceiro de coligação do PSD no Governo, sai em defesa de Luís Montenegro.
“Há muitos outros problemas na saúde que têm que ser resolvidos, mas hoje estamos muito melhor do que estávamos há um ano e em 2025 certamente que estaremos melhor do que estamos agora”, afirma o deputado do CDS.
Paulo Núncio considera que “é difícil pedir mais a um executivo ” que está a “resolver problemas herdados de oito anos” de governação socialista.